segunda-feira, 11 de julho de 2016

Hora da Partida

Hora da Partida



O "Jornal Todo Dia" (Americana e região), na edição de ontem - Domingo,10/07/2016, veiculo uma excelente matéria de Claudete Campos - Caderno Toda Gente - sobre a Síndrome do Ninho Vazio, com recortes de meu parecer e alguns depoimentos. 
Amei e parabenizo o trabalho da repórter. Também, sou grata ao fotógrafo Junior.
Vale a pena ver!!
Disponível: http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/07/caderno/todagente/114630-hora-da-partida.php



quarta-feira, 29 de junho de 2016

Síndrome do Ninho Vazio Nunca Mais...

Síndrome do Ninho Vazio: acorda!





“Olho e sou visto, logo existo!”
Winnicott



 “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
Fernando Pessoa



   Vou falar hoje de independência ou morte, de algemas partidas, pois laço jamais é prisão. “Ninho” é uma metáfora linda e poética sobre o lar. Em tese, é o refúgio que ampara, abriga, acolhe, protege, favorece, provê e contém. Dizem até que é o descanso do guerreiro. “Vazio” ressalta o mérito do mesmo em dever cumprido. Deduzo que as aves prontas já se foram, então, missão cumprida. Alçaram voo à aventura de conquistar o encantador, divertido e imenso mundo. Belo e triste. Liberdade. Vida (Ouça como a palavra soa). Assim, são os filhos... Viva! Ufa! Alívio aos pais, finalmente tempo para mim...

   Você já viu pássaros voando abraçadinhos? Grudados podem bater asas? Impossível. Crescimento, desenvolvimento e maturidade são intrínsecos à separação, autonomização, individuação e reconhecimento das diferenças. Nossos filhos, cada um em seu tempo e ritmo próprio, amadurecem. Graças a Deus, voam livres rumo ao seu destino. Diz o poeta que eles moram lá na casa do amanhã onde não iremos habitar nem em sonhos. Que bom! Que eles nos superem em tudo. Torço para que construam uma vida significativa e plena em sentido. Vantagem afetiva é que não nos abandonam nunca no bem querer. Diferente dos pássaros nós humanos possuímos vínculos. Sempre que a saudade bate eles retornam barulhentos ao aconchego para trocar novidades. Reabastecem a pilha afetiva e novamente lá se vão. Ainda, há vezes que nos surpreendem e nos brindam em gratidão. Ocasionalmente podem até virem carinhosamente para cuidar, mas sem serem escravos do amor. Ora eventualmente, se necessário, feridos voltam para serem cuidados. Afinal, no ciclo da vida perda implica na sucessão em ganhos. Há sempre troca nas relações e entre as gerações não é diferente. Portanto, ultrapassamos etapas para conquistar degraus evolutivos. Aliás, somos mantidos sempre bem vivos dentro das cavernas das lembranças e da saudade dos que amamos e que nos amam mesmo depois de nossa morte. Sabia que os elos da ligação emocional são invisíveis e muito mais resistentes do que imaginamos? Sobrevivem a nós. Acorda! Distância, ausência e o tempo não destrói a eterna solda do amor.

   Agora vamos falar de patologia. “Síndrome”, em medicina, remete à doença. Sinais e sintomas delatam sofrimento. “Síndrome do Ninho Vazio” conta da dor mental de muitos pais, predominantemente mulheres, que não lidam de forma serena com esta fase normal da vida. Pode coincidir o agravo do padecer pela menopausa, aposentadoria e envelhecimento. Desta forma, o ciclo natural da vida, pela exacerbação da angústia de separação, poderá ser vivenciado com sentimentos de intensa nostalgia, tristeza excessiva, abandono, insegurança, esvaziamento, inutilidade, luto, desamparo, desespero e solidão. Existencialmente a pessoa se prende ao leite que ferveu e derramou não se dando conta do que ainda sobrou na leiteira. Afinal, não se atenta que ainda dá pra fazer do resto uma ótima coalhada ou até um saboroso doce de leite. Como toda mudança na vida requer rituais de passagem, flexibilidade e adaptação ao novo.  Isto exige resiliência psíquica. Vemos aqui que a estrutura de personalidade rachou e expôs a vulnerabilidade defensiva do indivíduo. Explico. Freud, em 1926, já dizia que quando a angústia de separação é excessiva, é vivida como um temor trágico de se ver só e abandonado, fonte primeira de dor psíquica e de sentimento de luto. A dinâmica mental não suportou a exigência imposta pelo desconhecido da quebra da rotina e ausência do convívio cotidiano com a pessoa querida desvelando a fragilidade dos alicerces do próprio eu. Assim, é denunciada a dificuldade particular em lidar com separação e perdas. Qual a saída? Abra os olhos do coração. É chegado o tempo de despertar! Necessário é aproveitar mais esta chance que a vida oferece e com determinação agarrar a oportunidade de investir em si mesmo e fazer a sua vida valer a pena. O maior desejo do ser humano é ser compreendido e ninho vazio é sonho de liberdade.


Dicas que facilitam Enfrentar a Síndrome

  ü  Crise é sempre oportunidade quando há sintoma psíquico pedindo socorro;
  ü  Não engesse a vida e não paralise seus filhos, pois o tempo não espera;    
  ü  Prevenção do quadro começa ainda no berço com o aprendizado afetivo da constância do bom e permanência do bem querer;
  ü  Tenha um romance consigo mesmo: se liga em você!
  ü  Busque ajuda especializada para organizar e desenvolver sua mente;
  ü  Agarre a oportunidade de aprender a capacidade de ser e estar só, ou seja, domestique a sua solidão;
  ü  Construa ou resgate seu projeto de vida em que seja você o único autor e ator da sua própria história (fatos) e estória (colorido que se dá aos fatos);   
  ü  Não tenha medo de vivenciar a descoberta de si mesmo;
  ü  Redescubra e invista no relacionamento conjugal;
  ü  Retome e enriqueça o projeto homem e mulher, comum ao casal, e que jamais se resume aos filhos;
  ü  Apoie, abençoe, orgulhe-se e deslumbre-se com o avanço e êxito de seus rebentos;
  ü  Resgate seus sonhos e saboreie todo o prazer e a liberdade do novo tempo arduamente conquistado;
  ü  Priorize vida de qualidade, que é fazer o que você particularmente prefere e gosta (é muito diferente de “qualidade de vida” que segue protocolos universais); 
  ü  Exercite o corpo, a mente, a criatividade e o espírito: trabalhe, faça atividades físicas, esportes, arte, lazer, cultura (cante, dance, pesque, adote um animal, festeje, brinque com as crianças, leia, assista, conecte, viaje, ore, cultue sua fé, pinte, borde, faça jardinagem, saboreie a culinária, celebre com os amigos, conheça seus vizinhos, confraternize com a rede de parentesco mais ampla, faça cursos, participe de grupos de apoio, converse com os jovens que são revigorantes, troque experiências com os mais velhos, pratique o ócio produtivo, politize, exerça cidadania, comprometa-se com uma boa causa, etc.);
  ü  Jamais se esqueça: “o que conta na vida não é o que fizeram com a gente, mas o que a gente faz com o que nos fizeram”;
  ü  Generosamente seja voluntário, mas somente e após priorizar o que é seu, isto é, se ainda sobrar tempo e disponibilidade afetiva se doe ao outro;
  ü  Lembre-se, acima de tudo, “Quem ama liberta”;
  ü  Urgente, faça amor com a vida;
  ü  E, finalmente, desejo que seja sábio: - Viva e deixe viver!!!


“O que significa ‘cativar’?
É uma coisa muito esquecida, diz a raposa.
Significa ‘criar laços...’ 


... Só se vê bem com o coração.
O essencial é invisível para os olhos”
Antoine de  Saint.Exupéry



R. Osvaldo dos Santos n° 46 – Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230   ( (19) 3468-3541 e 99740-0046


sexta-feira, 10 de junho de 2016

Feliz Dia dos Namorados!


Feliz Dia dos Namorados!

“Foi assim como ver o mar a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar...” (Roupa Nova)

Olhos nos olhos... Almas desnudadas... Escravo do seu amor e livre pra amar. Assim é que canta a música. Delata como “escolhemos” o parceiro. Que risco!!! Não são, de fato, relações de “livre escolha” pela dimensão inconsciente que nos habita; e, nem necessariamente simétricas, pois as partes têm diferentes recursos (emocionais, estéticos, éticos, intelectuais, financeiros) e investimentos em si, no outro e na relação.
Sabia que é nossa estrutura psíquica que determinará nossas escolhas amorosas? Há importância do fator sociocultural na estruturação psíquica, ao lado dos fatores constitucionais (hereditários e congênitos), do meio ambiente (basicamente nos cinco primeiros anos de vida), e dos acontecimentos atuais. Amor e ódio amalgamados entram em cena.   Podemos “optar” por buscar a “alma gêmea” por afinidade ou diferenciação, pois opostos e/ou iguais se atraem.  Tive um professor de Patologia Psicanalítica que dizia que nossas doenças é que se casam. Formamos pares complementares.  Aliás, experimenta por duas laranjas no liquidificador e depois tente separá-las... Quanta mistura e fusão há na vida conjugal de muitos com jogos de dependência e poder que fatalmente levam às tragédias anunciadas.  
Assumamos novas práticas verdadeiramente amorosas e transformemos afetos, nas quais prevaleçam o autocuidado e autorespeito em relação a nossos desejos e direitos e também às necessidades, desejos, fantasias, interesses do outro. Que haja diálogo, acordo, relativa autonomia, fertilidade, prazer e real projeto de vida em comum. 


Viva o verdadeiro amor!


                                                     




Veiculada síntese  no "Jornal Todo Dia", domingo, 02/06/2016, disponível em
http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/06/opiniao/a_sua_opiniao/112667-dia-dos-namorados.php

Namoro: Um brinde à vida inédita!





Namoro: um brinde a vida inédita!

“Quero me casar...
Depressa, que o amor
não pode esperar!”
(Drummond)

Dividir ou compartilhar? Escolha, eleição ou destituição? Coisas de paixão e da transitoriedade o enamoramento é estado de graça. Diz o poeta que amor com amor se paga e nisto Freud concorda. Os iPhones, tablets, aplicativos, Tinder, prometem relações virtuais, ligações instantâneas a um clique. Aproximação afetiva? Intimidade? Desconectar é muito mais fácil ainda. Sem apego. Sem sofrimento. Nada? A clínica psicanalítica que o conte. Desumanização... Depressão transgeracional... Perda dos marcos civilizatórios. Que herança maldita estamos construindo? Nunca estivemos tão entrincheirados nas correntes da solidão pela influencia da cultura do imediatismo, pragmatismo e descartabilidade.
Neste Dia dos Namorados vou colocar “Santo” de castigo: proíbo os vínculos tantalizantes (amor doentio). Romanticamente idealizo a todos que “livremente” escolham (sempre o inconsciente) – o tipo socialmente incomum entre os casais: maduras e férteis relações prazerosas. Que o corpo seja lugar das delícias do sagrado, da intimidade e do secreto. Sonho estarem investindo significativamente na relação com perspectivas de desenvolvimento e projeto amoroso de futuro. Desejo que os conflitos e as contradições sejam enfrentados com realismo e civilidade pela dupla. Voto que cada um tenha todo e apenas o poder de findar a relação. Sobretudo almejo o poder de dois de dar continuidade e aprofundamento: tem que ser compartilhado na promoção do diálogo, do respeito às individualidades e autonomia das partes (sempre relativa) e do acordo. Que ambos promovam sempre integração entre razões e paixões. Finalizo com o desejo do poeta maior que seja duradouro, flexível e seguro lugar de afetividade e liberdade:

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...
(Vinicius de Moraes)


Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica, Organizacional e do Trabalho
Psicologia - Psicanálise
CRP 06/43457
Crianças - adolescentes – adultos


R. Osvaldo dos Santos n° 46 – Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230   ( (19) 3468-3541 e 99740-0046

Veiculado pelo Jornal "O Liberal" (Americana-SP), ano 65 - nº 14.979 Edição 19h35, em 14/06/2016, Terça-feira, página 2 "Opinião", disponível em www.liberal.com.br/virtual/

"Família: Pátria, mãe Gentil"


"Família: Pátria, mãe gentil..."

Em época de confraternização do “Dia das Mães” é essencial reconhecermos o lugar imenso que elas ocupam em nós, cultura e vida em sociedade. O desenvolvimento, principalmente no início da vida, depende de um suprimento ambiental satisfatório. Destaco-as como facilitadoras dos potenciais individuais ao crescimento, também os pais e a família. É fina e constante a adaptação às necessidades de gratificação/frustração que instauram reconhecimento gradual dos limites de realidade. Igualdades, semelhanças e as fundamentais diferenças.
Vemos avalanche de “enfermidade” no cenário político e econômico. Devemos ter senso agudo de responsabilidade com ideais coletivos, pois, impossível fugir da regra: o lar é nosso ponto de partida. Temos consciência do seu valor em contraposição às consequências de um lar ruim. Infelizmente, também a miserabilidade de um mau governo e suas cicatrizes. Favorecer e privilegiar “filhos desfavorecidos” em detrimento de outros com maior capacidade e recursos é estabelecer a rivalidade destrutiva e não oportunizar o desabrochar do potencial de cada indivíduo. Eis a chave para entendermos acirramentos de ânimos...

Afinal, a estrutura da sociedade reflete a natureza do indivíduo e da família.

Veiculado no Jornal O Liberal em Americana (SP), sexta-feira 13/05/2016, Ano 64- nº 14.952 Edição de 23h10.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Coração de Mãe

"Coração de Mãe"


Prescrevo sem restrição: "Mãe suficientemente boa" a todo ser humano. É vacina? É remédio? Psiquicamente é essencial à saúde física e emocional. Aliás, não somente à saúde individual, sobretudo, é fundamental à saúde social.
Vemos numa família - também na sociedade atual - o quanto uma mãe que não favorece o desenvolvimento do potencial individual de cada filho e uso pleno de seus recursos, estimulando uma rivalidade saudável e cooperação fraterna e amorosa é danosa às relações humanas e sociais. Instigar protecionismos e privilégios em detrimento da negação de diferenças das individualidades e potencialidades suscita ódio e hostilidade entre grupos, não somente entre filhos, mas gera conflitos e radicalismos.
Desejo que no "Dia das Mães" todos reflitam e tenham consciência da importância da maternidade e maternagem, que verdadeiramente favoreçam nos desaniversários do dia-a-dia e em todos os contextos de relações este papel e função fundantes e estruturantes.
Veiculado no Jornal Todo Dia, Americana-Sp, no Domingo, 08/05/2015 disponível em http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/05/opiniao/a_sua_opiniao/109700-coracao-de-mae.php

sexta-feira, 6 de maio de 2016

“De coração de mulher para coração de mãe”

“De coração de mulher

para coração de mãe”


Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica, Organizacional e do Trabalho
CRP 06/43457


Prescrevo sem restrição: “Mãe suficientemente boa” a todo ser humano. É vacina? É remédio? Psiquicamente é essencial à saúde física e emocional. Aliás, não somente à saúde individual, sobretudo, é fundamental à saúde social.

Vemos numa família - também na sociedade atual - o quanto uma mãe que não favorece o desenvolvimento do potencial individual de cada filho e uso pleno de seus recursos, estimulando uma rivalidade saudável e cooperação fraterna e amorosa é danosa às relações humanas e sociais. Instigar protecionismos e privilégios em detrimento da negação de diferenças das individualidades e potencialidades suscita ódio e hostilidade entre grupos, não somente entre filhos, mas gera conflitos e radicalismos.

Desejo que no “Dia das Mães” todos reflitam e tenham consciência da importância da maternidade e maternagem, que verdadeiramente favoreçam nos desaniversários do dia-a-dia e em todos os contextos de relações este papel e função fundantes e estruturantes. Também, priorizem o valor de um lar e vida em família. Não abordo aqui somente as mulheres que são biologicamente mães, mas aquelas que o são pelo coração (adotivas), as que intensamente desde meninas o sonham em vir a ser, sobretudo, aquelas que “são mães” de outra forma que não passa por ter filhos biológicos ou do coração. Aliás, espero que a função materna que é nutriz e provedora de humor, alicerce os novos tempos de vida em nossa Pátria, sobretudo, bem casada com a função paterna que faz o corte e interdita construtivamente agressivizando e estabelecendo limites de realidade. Finalmente, que haja governança e autoridade!!!









“Pátria, mãe gentil...”

“Pátria, mãe gentil...”

Em época de confraternização do “Dia das Mães” é essencial reconhecermos o lugar imenso que elas ocupam em nós, cultura e vida em sociedade. O desenvolvimento, principalmente no início da vida, depende de um suprimento ambiental satisfatório. Destaco-as como facilitadoras dos potenciais individuais ao crescimento, também os pais e a família. É fina e constante a adaptação às necessidades de gratificação/frustração que instauram reconhecimento gradual dos limites de realidade. Igualdades, semelhanças e as fundamentais diferenças.

Vemos avalanche de “enfermidade” no cenário político e econômico. Devemos ter senso agudo de responsabilidade com ideais coletivos, pois, impossível fugir da regra: o lar é nosso ponto de partida. Temos consciência do seu valor em contraposição às consequências de um lar ruim. Infelizmente, também a miserabilidade de um mau governo e suas cicatrizes. Favorecer e privilegiar “filhos desfavorecidos” em detrimento de outros com maior capacidade e recursos é estabelecer a rivalidade destrutiva e não oportunizar o desabrochar do potencial de cada indivíduo. Eis a chave para entendermos acirramentos de ânimos...

Defendo que o cenário caótico é decorrência do fracasso das pessoas e da sociedade saudáveis em dar suporte aos seus membros doentes. A saúde social depende da saúde individual. Portanto, acredito que somente podemos avançar se cuidarmos de nossos enfermos. Começamos a concretizar a esperança de cadeia aos do colarinho branco, restabelecendo modelo de autoridade e de consequência. Finalmente, eis o tão desejado viés da impunidade e referencia de vida aos que estão em desenvolvimento. Afinal, a estrutura da sociedade reflete a natureza do indivíduo e da família.

Eliane Pereira Lima
Psicóloga e Psicanalista

CRP 06/43457


"Amor: Mãe, doce remédio!"

“Amor: Mãe, doce remédio!”


Há algum tempo alguém me questionou sobre o que promove saúde mental e na época do “dia das Mães” eu não poderia deixar de falar de função tão essencial. Na verdade, como fundante do psiquismo humano, jamais poderia deixar de através deste artigo homenagear minha mãe e todas as preciosas mães de nossa comunidade.
A sabedoria popular já instituiu a máxima: “O amor constrói”. Com certeza, este saber é confirmado quotidianamente, porém onde estão seus alicerces? O único momento da vida em que o ser humano necessita de amor incondicional é o amor de mãe! Explico. O bebê necessita que não o privemos da sutil ilusão de ser ele o centro do universo: “sua majestade, o bebê”. Nos primórdios da vida, formam-se os alicerces da saúde física e mental.
O bebê, ao nascer, depara-se com três grandes desafios e tarefas integrativas ao psiquismo: continuar descobrindo ele mesmo, o mundo e as pessoas. O período entre a concepção, o nascimento e os três primeiros anos de vida são críticos para o desenvolvimento físico, emocional e mental dos seres humanos. Felizmente, em nossa sociedade, há maior consciência da importância da maternagem adequada, inclusive reconhecido direito trabalhista de dedicação exclusiva da mulher operária ao recém-nascido. Este requer a presença física de sua mãe, mas essencialmente necessita de sua real presença afetiva, que esteja totalmente disponível para acolhê-lo e tranquilizá-lo em seus primeiros meses de vida.
O bebê recém-nascido necessita que aqui fora ofereçamos a ele um ambiente similar a um “útero artificial”, onde prevaleça a tranquilidade, segurança, poucos estímulos externos e fundamental aconchego e carinho. Requer ambiente de intimidade afetiva nos momentos de amamentação, quando recebe não somente o alimento que sacia sua fome, mas também é alimentado afetivamente por sua mãe através do aconchego em seu colo, do toque do olhar, da suavidade de suas mãos, do acalanto tranquilizador, enfim de toda atenção que o investe de humanidade. Todo e qualquer cuidado ao bebê é muito mais do que uma tarefa prática, é antes de tudo o alicerce afetivo da boa auto-estima.
Resumindo, a mãe nutre seu bebê com o “leite materno ou não” e também com gotículas de amor incondicional, cabendo ao pai do bebê inicialmente favorecer e proteger este vínculo dual. Toda família deve se mobilizar no auxílio e cuidado ao novo membro, colaborando em atividades domésticas e isentando a nova mãe de sobrecarga física e emocional, pois ela também precisa de colo. È nosso dever social propiciar a cada nova mãe condições concretas e respaldo afetivo para que ela empreenda a delicada tarefa de estar em sintonia fina com as necessidades físicas e emocionais de seu bebê.
Gradualmente o bebê irá se desenvolvendo e gradativamente a maternagem suficientemente adequada o auxiliará no doloroso e inevitável processo de abandono da ilusão inicial de ser ele o umbigo do mundo, porém isto leva tempo...
Recomendo às futuras mães, pais e famílias que acionem serviços especializados de orientação e tranquilização quando houverem dúvidas em cuidados aos bebês e crianças pequenas, considerando a excelente contribuição dos atuais grupos de orientação ás gestantes, pediatras, , psicanalistas de crianças, psicólogos infantis, psiquiatras infantis, etc.  Desde pequena, a criança quando ajudada, pode aprender a lidar razoavelmente bem com as suas circunstâncias e se desenvolver bem, sem precisar estabelecer sintomas como meio de expressão de suas dificuldades.
Receber o bebê com amor e carinho é a melhor maneira de lhe dar boas-vindas ao mundo. Afinal, saúde mental se constrói através de sólidos laços de ternura e mãe suficientemente boa é verdadeiramente um santo remédio!
Eliane Pereira Lima
Psicóloga
CRP 06/43457

Veiculado em: Sexta-feira, 10 de maio de 2002, Jornal Todo Dia, Americana-SP.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Excelente artigo sobre nutrição

"Se você não aguenta e come coisas sem valor nutricional"


O artigo sobre adesão à reeducação alimentar e com ótimas dicas para dar o ponta pé inicial e manter o foco, da amada Natalia H. Giacomin, encontra-se disponível no facebook.com/nutrinati
Vale mesmo a pena ver!!!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Revista Saúde e Beleza Mais

Nutrição: Ai, ai, ai... 

Sempre a mesma dificuldade em começar ou dar continuidade... 

Cuidado com o emocional que boicota ou,

 a priori, é boicotado em tudo!!!


A Nutricionista daqui da Espaço Vitalithe - Natalia Haeitemann Giacomin (Nutrinati Nutrição Clínica CRN 3 44211) - publicou uma matéria lindíssima e ótima em dicas, nesta Edição Abril/2016, sob título "Se você não aguenta e come coisas sem valor nutricional..." Há dicas de reeducação alimentar fundamentais. Vale a pena ler!!! Também, está disponível no site da revista.  


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Recursos Humanos

Gestão de Recursos Humanos 

Clima e Cultura Organizacional



Convido-os à leitura da revista eletrônica rhevistarh.com.br, edição de abril-16.


O autor - Celso Luís Gagliardo - foi meu Gerente em boas épocas de Gestão de RH, na saudosa RIPASA (atual Suzano). 

Vale a pena conferir!!!

domingo, 13 de março de 2016

Amor ao Bicho: Sobre Posse Responsável

"A falta que eles fazem"

   Hoje, foi veiculado no Jornal Todo Dia (RMC), no Caderno Toda Gente, uma matéria de Claudete Campos, sobre posse responsável.

  Acessei e está disponível em:

http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/03/caderno/todagente/104812-a-falta-que-eles-fazem.php


   
   Gratidão a todos que fazem circular o bem, aos meus amados bichos "Tutuzinho e Biju", aos meus amados sempre muito vivos dentro de mim e à sensibilidade da autora do texto. Sobretudo, à oportunidade de revisitar as cavernas das boas lembranças e das saudades. Remeto à poesia:

"... aprendi com as flores 
a deixar cortar-me e a voltar sempre inteira.. 
... E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim."

Cecilia Meireles

quinta-feira, 10 de março de 2016

Mulher de corpo e alma



“Mulher de corpo e alma”


   Como falar em mulher e ser original? Inquietude. Tensão. Creio que o novo nasce na tradição. Inovando transformamos o conhecido. Nasce-se mulher? Torna-se mulher? O feminino é uma construção. Aliás, impossível é negar o imenso maternal: o primeiro amor de homens e mulheres.

   Há as viscerais que vivem tudo com paixão. Outras quase de si esquecem. Muitas competem exaustivamente com as outras, consigo ou com os homens. Cegas não se percebem semelhantes. Iguais e diferentes. Trágicas as que se colocam no lugar da bruxa e megera. Nora. Cunhada. Sogra. Amante. Traída. Vítima. Vilã. Embates catastroficamente inviáveis. Criam espaços, como diz o poeta, onde não cabem por pecarem em excessos. Muitas cindem o que é natural. Ora puta ora santa. Relações amorosas e afetivas conflitantes em que a tragédia e fatalidade são inevitáveis. Culpa. Quantas emboscadas na repetição, mágoa, rancor, remorso e ressentimentos. Prisioneiras do romance familiar infindável. “Cem anos de solidão” é pouco.

   E as belas? São divas? Glamour. O corpo tem papel na constituição psíquica, pois antes de tudo o ego é corporal. O ícone da referência pessoal é a aparência? Imagem é tudo? Sábias são as guardiãs da solda do amor: são olhadas, enxergam e são vistas, veem. Afinal, o que torna um corpo biológico em humano? Independente do sexo feminino ou masculino é a linguagem do coração. As “feias” perdoem. Exigimos demais de nós mesmas ou dos outros? Compreendam. Meu coração é vermelho! Expectativas irreais é terra de ninguém. O corpo pode ser armadilha. Prisão. Verde?! Sempre é tempo de vir a ser. Que bom que em tudo há reparação! Assim, vamos investir em nos tornar melhor. 

Sempre existe em nós ou em nossa vida 
áreas que precisam de reparo.


Eliane Pereira Lima
Psicóloga


Veiculado pelo "O Liberal", Edição 14896, na página 2, em 09/03/2016, disponível em http://liberal.com.br/virtual/

domingo, 6 de março de 2016

A mulher que vive em mim

“Mulher: corpo e alma”

A primeira frase de cada romance deveria ser:
“Acredite em mim, isso vai tomar tempo
mas há uma ordem aqui, muito tênue, muito humana.”
Se você quer ir para a cidade, vagueie.
Michael Ondaatje

“Quem vive em função do brilho, ainda que tenha sucesso, será infeliz”.
Augusto Cury

   Como falar em mulher e ser original? Inquietude. Tensão. Creio que o novo nasce na tradição. Inovando transformamos o conhecido. Nasce-se mulher? Torna-se mulher? O feminino é uma construção. Aliás, impossível é negar o imenso maternal: o primeiro amor de homens e mulheres.
   Há as viscerais que vivem tudo com paixão. Outras quase de si esquecem. Muitas competem exaustivamente com as outras, consigo ou com os homens. Cegas não se percebem semelhantes. Iguais e diferentes. Trágicas as que se colocam no lugar da bruxa e megera. Nora. Cunhada. Sogra. Amante. Traída. Vítima. Vilã. Embates catastroficamente inviáveis. Criam espaços, como diz o poeta, onde não cabem por pecarem em excessos. Muitas cindem o que é natural. Ora puta ora santa. Relações amorosas e afetivas conflitantes em que a tragédia e fatalidade são inevitáveis. Culpa. Quantas emboscadas na repetição, mágoa, rancor, remorso e ressentimentos. Prisioneiras do romance familiar infindável. “Cem anos de solidão” é pouco.
   E as belas? São divas? Glamour. O corpo tem papel na constituição psíquica, pois antes de tudo o ego é corporal. O ícone da referência pessoal é a aparência? Imagem é tudo? Sábias são as guardiãs da solda do amor: são olhadas, enxergam e são vistas, veem. Afinal, o que torna um corpo biológico em humano? Independente do sexo feminino ou masculino é a linguagem do coração. As “feias” perdoem. Exigimos demais de nós mesmas ou dos outros? Compreendam. Meu coração é vermelho! Expectativas irreais é terra de ninguém. O corpo pode ser armadilha. Prisão. Verde?! Sempre é tempo de vir a ser. Que bom que em tudo há reparação! Assim, vamos investir em nos tornar melhor. Sempre existe em nós ou em nossa vida áreas que precisam de reparo.

“Quantas vezes a gente, em busca de ventura,
procede tal e qual o avozinho infeliz:
em vão, por toda a parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!”
Mario Quintana

“As estórias são flores que a imaginação faz crescer no lugar da dor... E a beleza torna a dor suportável”.
Rubem Alves

Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica, Organizacional e do Trabalho
Psicologia - Psicanálise
CRP 06/43457
Crianças - adolescentes – adultos

R. Osvaldo dos Santos n° 46 – Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230   ( (19) 3468-3541 e 99740-0046


Bibliografia
ALMEIDA, M. M. M. Simone de Beauvoir: uma luz em nosso caminho. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/cadpagu_1999_12_13_ALMEIDA.pdf Acesso em 04/03/2016.
ALVES, R. Se eu pudesse viver minha vida novamente... São Paulo: Verus Editora, 2004.
ALVES, R. Um mundo num grão de areia: o ser humano e seu universo. São Paulo: Verus Editora: 2002/2003.
BRITTON, R. e outros O complexo de édipo Hoje: implicações clínicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
CURY, A. Maria, a maior educadora da História: os dez princípios que Maria utilizou para educar o Menino Jesus: uma visão da psicologia, psiquiatria e pedagogia sobre a mulher mais famosa e desconhecida da história. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.
FREUD, S. A dissolução do complexo de Édipo. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIX.        
_________ A Interpretação de Sonhos. Rio de Janeiro: Imago Editora (Edição Standard Brasileira), 1980, v. IV e V.
_________ Algumas consequências psíquicas das diferenças anatômicas entre os sexos. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIX.     
_________ Carta 57. Bruxas e Simbolismo. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, vol. I.
_________ Carta 75. Zonas erógenas Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. I.       
_________  Sexualidade Feminina. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XXI.
_________  Novas conferências introdutórias sobre psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XXII.        
_________ O ego e o id . Rio de Janeiro: Imago Editora, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIX.
_________ Romances Familiares. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. IX.
_________  Sexualidade feminina. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XXI.       
_________  Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor (Contribuições à Psicologia do Amor II). Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XI.        
_________  O tabu da virgindade (Contribuições à Psicologia do Amor  III). Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XI
_________  Sobre as teorias sexuais das crianças. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. IX.       
_________  Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. VII.                    
_________ Sobre o Narcisismo: uma introdução. Rio de Janeiro: Imago Editora, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIV.
KANCYPER, L. Confrontação de Gerações. Estudo Psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
_____________ Ressentimento e remorso. Estudo Psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.
KLEIN, M. Psicanálise da Criança. São Paulo: Mestre Jou, 1981.
_________ Amor, Culpa e Reparação e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1996.
LAMANNO, V. L.C. Relacionamento Conjugal. Uma abordagem Psicanalítica. São Paulo: Summus, 1990.
_________________ Repetição e Transformação na vida conjugal. A Psicoterapia do Casal. São Paulo: Summus, 1994.
LAPLANCHE, J. e Pontalis; Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
MALDONADO, M. T. Vida em Família: conversas entre pais e jovens. São Paulo:Editora Saraiva, 1996.
MORAES, V. Nova antologia poética. Vinícius de Moraes. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
OGDEN, T. H. Os Sujeitos da Psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
ROTHGEB, C. L. Chaves-resumo das obras completas/ Sigmund Freud. São Paulo: Editora Atheneu, 1999.
SANTOS, M. G. Simone de Beauvoir. “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Disponível em <periodicos.pucminas.br/index.php/sapereAude/article/view/2081>. Acesso em 04/03/2016.
SOUZA, K. C. V. O feminino na estética do corpo: uma leitura psicanalítica. Disponível em: <www.unicamp.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=117> Acesso em 04/03/2016.
WINNICOTT, D. W. A Família e o Desenvolvimento Individual. Martins Fontes, 1997.
WINNICOTT, D. W. Os bebês e suas Mães. São Paulo: Martins Fontes, 1999.