*CRP 06/43457 Psicologia - Psicanálise: crianças/adolescentes/adultos Rua Uruguai, 484 - Frezarim - CEP 13465-680 - Americana - SP Fones (19) 3468-3541 / 98347-3424
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Criança: Animal estimado
Criança:
Animal estimado
Você teve durante sua
infância algum animalzinho de estimação? Já percebeu o quanto eles são
importantes para as crianças?
A literatura, os mitos, as
lendas, os desenhos infantis, os filmes e a psicologia atestam a preponderância
que os animais de estimação chegam a ocupar na vida afetiva das crianças.
Também, a Psicanálise estudou o porquê dessa significação e atualmente temos
várias frentes de terapias que utilizam o animal como recurso auxiliar na
estimulação e reabilitação, inclusive de pessoas portadoras de deficiências.
Porém, são muito importantes
os cuidados fundamentais com o animal de estimação, pois animais domésticos são
também transmissores de muitas doenças aos seres humanos. Aqui contam as idas
periódicas ao veterinário, o acompanhamento à risca de todas as orientações e
tratamento, obrigatoriedade de vacinações e vermifugações, cuidados de limpeza
e higiene, etc. Ou seja, só podemos considerar como um animal de estimação o
que for bem cuidado e verdadeiramente nosso amigo, quer seja o cãozinho, gato,
coelho, porquinho da índia, cavalo... ou até, não sei se possível, o animal considerado
exótico.
Bem, já que estamos falando
de estimação e cuidado, não podemos ignorar o bem querer, a consideração, a percepção
e a inteligência da criança, a qual interpreta tudo o que ocorre a sua volta e,
é claro, com o bichinho de estimação isto não é diferente.
É muito importante a conduta dos pais frente aos
animais que seus filhos amam. Muitas vezes os pais desabafam sobre os animais, agressões,
castigos e censuras que, na realidade, são dirigidos a seus filhos. A criança
interpreta e compreende o significado inconsciente da conduta de seus pais, o
que as angustia e as aterroriza. Castigar o animalzinho e até maltratá-lo,
afastá-lo ou eliminá-lo, deixa marcas profundas na vida psíquica infantil.
Explico melhor. Maus tratos
ao animal de estimação repercutem na vida futura da criança, porque esta
compreende o significado inconsciente da ameaça: psicologicamente funciona como
advertência e muitas vezes inibe o desenvolvimento infantil.
Exemplificando como é clara
a intenção de agressão ao sujeito, menciono episódio televisivo apresentado
recentemente no Programa “Linha Direta”, onde o sujeito enciumado e impedido de
descarregar seu ódio contra a esposa, protegida por familiares e aparato
policial, invade a casa e descarrega toda sua fúria implacável no animalzinho
de estimação, joga violentamente ao chão o porquinho da índia e o pisoteia até
a morte. Aqui percebemos, obviamente com o desfecho da situação, a
destrutividade da fúria assassina. Lembrete: já que mencionei o questionável
programa de TV, é sempre bom lembrar que o mesmo jamais é indicado às crianças,
pelo contrário, situações de violência ou sexo desavisadamente assistidas na TV
ou presenciadas pelos nossos filhos devem ser explicadas e haver oportunidades
de diálogo para que não se tornem traumáticas. Embora tenha buscado exemplificar
com uma situação extrema, a intenção não foi chocá-lo, caro leitor, mas sim
remeter à situação de choque da criança que assiste seu animalzinho exposto a
maus tratos. Afinal, não adianta negarmos de que estamos descarregando nele
nossa raiva e que ela também está em perigo. A criança é sensível e perspicaz em
sua percepção, além de ser inteligente.
Eliane Pereira Lima
Psicóloga
CRP 06/43457
Eliane Pereira Lima
Psicóloga
CRP 06/43457
Publicado em 23/05/2002 no Jornal Todo Dia –
Americana (SP)
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Depressão em exponencial crescimento
Depressão em
exponencial crescimento
Você quer saber como esta seu corpo hoje?
Lembre-se do que pensou ontem.
Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe
seus pensamentos hoje!
Ou você abre seu coração, ou algum
cardiologista o fará por você!
Deepak Chopra
Muitas
pessoas nem se dão conta do papel das emoções na prevenção e na cura das
doenças, pois saúde não é simplesmente ausência de dor, é um conceito amplo que
envolve bem-estar, qualidade de vida, autoestima e capacidade de amar. Você acredita
que o estresse pode arrasar o seu sistema imunológico? Sabe que somos capazes
de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos? Afinal, cientificamente
já está comprovado que nossas células estão constantemente sendo modificadas
por nossos pensamentos.
A depressão é uma das principais causas de ônus entre todas as doenças. Em
2030, segundo a OMS, ela será ainda mais comum e a principal das doenças
mentais em prevalência. Vivemos
uma espécie de epidemia e a maioria nem sabe que tem. Denominada também por Melancolia sempre
existiu e atinge todas as faixas etárias, raças, sexos e religiões. Pior
ainda é que em casos graves pode levar à morte, por doenças ou suicídio. A alta incidência está associada à ausência
de profilaxia (início de vida): instabilidade e precariedade nas relações estruturantes
do psiquismo, ou seja, a forma de fazer depressão de cada indivíduo dependerá
de sua resiliência psíquica (fatores biológicos de sua constituição, como do
grau de coesão do ego, e ainda da capacidade psíquica/emocional de elaborar o
sofrimento).
Vivemos uma época de avançada tecnologia, esvaziamento afetivo e
esgarçamento dos vínculos: piora em muito o quadro quando familiares nem notam
a gravidade do sofrimento e o pedido desesperado de cuidado. Portanto,
identificada à demanda busque encaminhar urgente o indivíduo ao tratamento
especializado, pois muitas vezes ele nem se dá conta de fazê-lo por si mesmo.
Segundo
Freud, a diminuição dos sentimentos da autoestima é a característica que
diferencia a depressão patológica do luto normal, podendo chegar ao extremo incorrendo
em auto recriminações e expectativa delirante de punição. Portanto, é importante
não confundir tristeza passageira ou luto normal com a depressão patológica.
Esta última se diferencia por ultrapassar os limites, tanto em duração como em
intensidade, infelizmente, muitas vezes o indivíduo nem sabe nomear qual foi “a
última gota d’água” que fez com que ele transbordasse em padecimento mental,
muitas vezes até com sintomas físicos debilitantes. Reforço que as perdas fazem
parte da vida e o como vivencia-las psiquicamente é que faz a grande diferença
em saúde mental. Sobretudo, o desenvolvimento se faz por sucessão de perdas e
ganhos, portanto, se há que largar para poder agarrar, assim o velho abre
espaço ao novo. Concluindo, as perdas são necessárias.
Os
tratamentos psicológicos e farmacológicos são eficazes em resultados e é melhor
o prognóstico quanto antes se iniciar e fazer adesão ao processo, pois há um desequilíbrio
bioquímico decorrente do círculo vicioso da tensão resultante dos conflitos psíquicos
que incorrem em sintomas até somáticos (corpo). Como diz o ditado popular: - “Quando
a cabeça não funciona o corpo padece”.
Desejo
a todos que priorizem sua mente e invistam em saúde mental. A vida somente tem
sentido se você der sentido à sua vida!!!
Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos.
Shakespeare
Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica,
Organizacional e do Trabalho
Psicologia - Psicanálise
CRP 06/43457
Crianças - adolescentes – adultos
R. Osvaldo dos Santos n° 46
– Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230 ( (19) 3468-3541 e
99740-0046
Bibliografia
BERNIK,
Vladimir. Depressão será a doença mais prevalente em 2030. Indexado LILACS
LLXP: S0034-72642014012600001 RBM
Jan 14 V 71 Especial Neuropsiquiatria 1.
Disponível
em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5599>.
Acesso em 21 Agosto 2015.
CHOPRA, Deepak. Mutantes. Disponível em <https://karinizumi.wordpress.com/category/deepak-chopra/>.
Recebido por e-mail em 2007..
FREUD, S. Luto e
Melancolia. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1989, v. 14, (Edição Standard
Brasileira).
JÚNIOR,
Edgard. OMS alerta que mais de 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo.
Disponível
em: <http://www.escoladegoverno.org.br/noticias/3587-oms-alerta-que-mais-de-800-mil-pessoas-se-suicidam-por-ano-no-mundo>. Acesso em: 03 Agosto 2015.
LUCENA,
Rodolfo. Depressão já é a doença mais incapacitante, afirma a OMS. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/12/1563458-depressao-ja-e-a-doenca-mais-incapacitante-afirma-a-oms.shtml>. Acesso em: 03
Agosto 2015.
OLIVETO,
Paloma. OMS aponta Brasil como o 8º em suicídio - Correio Brazilienze.
Disponível em <http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/09/05/noticia_saudeplena,150211/oms-aponta-brasil-como-o-8-em-suicidio.shtm>. Acesso em: 03 Agosto 2015.
OMS.
Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs369/es/>. Acesso em: 21
agosto 2015.
ONU, Atenção pobre à saúde mental compromete desenvolvimento na América
Latina, alerta Banco Mundial
<http://nacoesunidas.org/atencao-pobre-a-saude-mental-na-america-latina-compromete-desenvolvimento-bancomundial>.
Acesso em:
03 Agosto 2015.
PEREIRA, Mário Eduardo Costa. Pânico e Desamparo: um estudo
psicanalítico. São Paulo: Editora Escuta, 1999.
PINHEIRO,
Teresa. Café Filosófico CPFL Narcisismo e depressão: “o olhar do outro define
quem eu sou”.
<http://www.cpflcultura.com.br/wp/2014/05/27/narcisismo-e-depressao-com-teresa-pinheiro>.
Acesso em: 30 Junho 2015.
PINHEIRO,
Teresa. Escuta psicanalítica e novas demandas clínicas: sobre a melancolia na
contemporaneidade. Disponível em: Psychê online 2002, vol. VI, núm. 9, 2002,
pp. 167-176 Universidade São Marcos São Paulo, Brasil. Acesso em: 30 Junho
2015.
ROTHGEB, Carrie Lee. Chaves-resumo das Obras Completas / Sigmund Freud.
Editora Atheneu, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, 1999.
SILVA, M. A. D. Quem ama não adoece: o papel das emoções na prevenção e
cura das doenças. Círculo do Livro: Editora Best Seller, 21ª edição, 1999.
ZIMERMAN, David E. Manual de Técnica Psicanalítica uma re-visão, Porto
Alegre: RS: ARTMED Editor, 2004.
Obs: Publicado Jornal: O Liberal (29/08/2015, edição 14.733, página 2, "Opinião"), sob o título "depressão em Alta", disponível em http://vp.virtualpaper.com.br/oliberal?e=8778&l=1domingo, 26 de julho de 2015
Em breve artigo sobre depressão
Recentemente presenciei uma conversa em Sala de Espera que me chamou a atenção. Como diz Rubem Alves em seu livro "Ostra feliz não faz pérola", creio que é preciso falar da dor que poderá fazer boa cicatriz. Melancolia em tempos modernos.
sexta-feira, 17 de julho de 2015
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Beleza: ser ou ter?
Obcecados
pela Beleza: ser ou ter?
Beleza e estética podem
ser paraíso? Prisão?
Estamos irremediavelmente
presos à nossa imagem?
O espelho de vidro apenas
denuncia esta prisão?
A avaliação psicológica
deve anteceder procedimentos invasivos e sucessivos?
Você acredita que imagem
é tudo? Vale tudo para ter o resultado sonhado?
Ser ou ter? Eis, a
questão:
- Espelho, espelho meu,
és encanto ou maldição?
Juventude eterna sempre foi sonho de consumo
da humanidade. Hoje as ciências realizam intervenções
estéticas antes inimagináveis. Infelizmente, a indústria da beleza tem riscos. É muito tênue a linha que separa o
cuidado saudável com o corpo de uma posição compulsiva. Procura obcecada por
perfeição e resultados mágicos resultam em comportamentos excessivos,
arriscados e desmesurados. O próprio exagero mostra a distorção de realidade. Excessos.
Dor. Frustração. Repetição. Resultado? Intenso mal-estar. Intui-se que a procura insana é necessária à “felicidade”.
Ignora-se o corpo, particular, mortal e histórico. Aliás, palco privilegiado dos conflitos. Construir
uma imagem é também ser afetado por ela. O ser e o parecer se confundem. Engodo.
Procedimentos e intervenções estéticas compulsivas são
sintomas.
Falam de uma angústia de aniquilamento, do horror ao vazio existencial. Somente
resta à compulsão em investir no corpo como necessidade do reequilíbrio do
psiquismo que tanto padece. Será que o espelho dará a resposta esperada? A
tragédia é ilustrada por recentes casos famosos veiculados pela mídia. O corpo não pode
ser dissociado da alma, entretanto, luz própria emana da autoestima. O cuidado
pessoal e de quem se gosta são importantes indicadores de autoestima elevada e
que envolve muito mais do que tentativas de manter uma aparência jovem. Luzes e
presenças confundem e enganam somente os mais fragilizados.
O psiquismo precisa habitar o próprio corpo,
um bem a ser protegido. Já o trabalho psicológico é movido pelo desejo e
escolha do indivíduo em sofrimento. Não deve regulamentar diferença ou
igualdades. Não deve determinar padrões estéticos. Não define o que é próprio e
impróprio, adequado ou inadequado, normal ou anormal. A
Psicanálise viabiliza um genuíno processo de conhecimento do si mesmo através
da escuta diferenciada, no qual valores esquecidos, sentimentos sufocados,
medos, angústias podem ser compartilhados. Espaço onde o novo possa ser criado
e recriado.
Penso que brilho no olhar é resgatar o caso de amor
com a pessoa bela que você é.
Olhe-se no espelho!
Eliane Pereira Lima
Psicologia
– Psicanálise
crianças
– adolescentes - adultos
CRP 06/43457
Reflexões Psicanalíticas sobre Temas Atuais
Reflexões sobre Beleza: ser
ou ter?
Eliane Pereira Lima
Psicóloga
CRP
06/43457
A indústria da beleza
tem os seus riscos.
Excessos...
Dor... Frustração... Fracasso... Repetição... Adoecimento... Avaliação
psicológica deve anteceder cirurgias plásticas e procedimentos estéticos
sucessivos? Há preocupação com a busca obcecada por resultados mágicos que
resultam em comportamentos excessivos, arriscados e desmesurados. Resultado?
Intenso mal-estar e avassaladora angústia. Insatisfação. O sucesso e a
felicidade implicam na adesão a modelos calcados no encantamento? Impera o mito
da eterna juventude? A busca incessante pela beleza é considerada um vício?
O próprio exagero
mostra a distorção de realidade.
-
O artigo tem que ser breve. Instantâneo. Atrativo é ter imagens. As pessoas não
perdem tempo em ler coisas extensas. – paradoxo já no pedido. Curiosa? Vai ler?
O que está em jogo? Aparência. O ser
é definido pelo ter. Para ser alguém, há que se ter um corpo bem modelado,
posição, dinheiro, bens. Os bens adquiridos garantem destaque social, são insígnias
de poder. Aparência oferece identidade a quem dela se imagina ser detentora?
Afinal, acredita mesmo que a imagem é tudo?
Construir uma imagem
é também ser afetado por ela.
O
ser e o parecer se confundem. Engodo. É possível ser algo além do que se
aparenta? Possível aparentar o que não se é? Olhar implica também em ser olhado. Ver e ser visto. Superficialidade.
Vazio. Desesperança. Ostentação. Para
muitos somente resta à compulsão em investir no corpo como necessidade do
reequilíbrio do psiquismo que tanto padece. Sofrimento mascarado. Promete-se o preenchimento do vazio
existencial do qual ninguém pode escapar. Cilada é acreditar no consumo. As
consequências negativas são o fato de que as pessoas podem se frustrar tentando
alcançar uma beleza impossível. Consequência? Realização de procedimentos
cirúrgicos a qualquer custo, endividamento, doenças como vigorexia, anorexia e
bulimia... Serão somente selfies?
Sociedade do
espetáculo fantasiando uma aparência física idealizada.
O
que conta é a aparência. As imagens dos corpos que desfilam assumem o lugar de
objetos de desejo. Existir é ser
visto. Nada mais resta da realidade senão a imagem. Mas o que vemos? De onde
vemos? Como somos vistos? Reflexos. Sombras. Coitadas. Submissão cega. Inconsciente.
São atraídas tal como mariposas diante da luz. Cega. Fulmina. Mata só insetos? A fascinação da imagem desmorona a privacidade
da mente e anula os espaços do pensar. As pessoas são levadas de forma
hipnótica a se identificar e idealizar algo inexistente. Esforço brutal para se
alcançar o ideal do corpo perfeito. Impotência. Fragilidade. Exacerbada angústia
de aniquilamento. É como se - diante do corpo ideal - houvesse uma perda de
identidade e o sujeito não mais se reconhecesse em seu próprio corpo. Será que
o espelho sempre dará a resposta esperada?
A
primeira impressão é a que fica.
Comunicação de impacto. Rápida. Panorâmica. Globalizante. Conteúdo
transmitido em imagens. Flashes? Perde-se a possibilidade reflexiva do
pensamento. Sedução. Encarceramento. Fascínio pelas imagens. Predomina
a ordem do imediato. O aprisionamento no espelho tem esse
componente como fator importante? A rede
criada pela luminosidade externa desorienta-nos, hipertrofia nossa percepção interna
e externa. A medicina, graças aos recursos tecnológicos e cirúrgicos aliados
aos da bioengenharia, avançou. Intervenções estéticas antes inimagináveis. Esquecemos
quem são os espelhos da alma?
O
corpo não pode ser dissociado da alma.
Alicerce da personalidade. Solo da identidade de cada
indivíduo. Conhecemos mais um homem olhando em seus olhos do que observando sua
aparência. Luz própria emana da própria autoestima. O cuidado pessoal e de quem
se gosta são importantes indicadores de uma autoestima elevada e que envolve
muito mais do que tentativas de manter uma aparência jovem. O espelho é um
instrumento auxiliar somente quando podemos contar com nossa sensibilidade,
percepção e autoconfiança. Luzes e presenças confundem e enganam os mais
fragilizados. Presa fácil. Procedimentos e intervenções estéticas compulsivas
são sintomas.
Percebe-se cada vez mais distante dos ideais de beleza, precisando de mais e
mais, de infindáveis retoques. O sintoma fala de uma angústia de fragmentação, do
horror ao vazio. Há falha na promessa de atingir a perfeição e a inalcançável
felicidade? Cadê o dono do corpo?
O
Diabo pintou tanto o olho do filho para torná-lo bonito, mas de tanto pintar o
cegou.
Sabe que precisamos do outro para formar uma imagem própria? Uma
autoimagem? Ter amor próprio? Inicialmente os olhos do outro são a condição sine qua non para que eu tenha de mim
uma imagem. Eu e o Outro. Se esta diferenciação falhasse poderia me ver despedaçado
ou mesmo não me ver. Menos ainda ver o Outro. Cego ao mundo. O modelo idolatrado é
portador do corpo ideal. Completo. Perfeito. Não existe. Os belos corpos são expostos nas revistas, nos outdoors,
Internet ou na TV, mas paradoxalmente algumas vezes são inexistentes uma vez
que são retocados e alterados pelos fantásticos softwares de edição de imagens.
Já pensou que a procura de perdas traumáticas
também poderão se dar nos espelhos de vidro?
O corpo passa a ser
palco da perfeição e juventude eterna.
Com angústia nos defrontamos com a realidade dos nossos
limites. As perdas ininterruptamente se manifestam o tempo todo. O tempo é
limitado. Finito. Inevitável certeza de nossa morte. Procura-se não se sabe o
quê. Intui-se que a procura insana é necessária à felicidade. Esta tal “felicidade”
tem preço alto. Ignorar o corpo. Particular. Mortal. Histórico. O espelho poderá ser usado para se reencenar o trauma
e o prejuízo. Tamponar o vazio na alma.
Há um engodo. Ser não é parecer. Tempos de idolatria ao corpo. Cuidado. Não
lute contra si. Risco de perder-se no espelho. Procura. Muito cuidado em não ser
sufocada pela justeza das próprias medidas. É inviável pecar nos excessos?
Corpos que não
envelhecem fazem parte do sonho das ciências e tecnologia.
Há
uma linha muito tênue que separa o cuidado saudável do corpo, de uma posição
compulsiva com a estética. Ilusão. Posso ser eternamente jovem? É possível
esquivar da morte? A morte precisa ser aceita. Inevitável. Só ela dá sentido à
vida. Uma pessoa não é apenas o que o seu corpo é. Têm também a sua história e
o corpo é parte dela. Esta fronteira depende, portanto, do significado que o
sujeito dá para o seu corpo e da sua apropriação ou não. Quem sou eu?
O psiquismo precisa
habitar o próprio corpo, um bem a ser protegido.
À
medida que se ocupa o centro da própria existência se confronta com o vazio.
Cria-se a chance de perceber, aceitar e se apoderar de si mesmo. História
única. Sou singular. Corpo é palco
privilegiado dos paradoxos e dos conflitos. O trabalho psicológico só
pode ser movido pelo desejo e escolha do indivíduo em sofrimento. Não deve
contribuir para regulamentar diferença ou igualdades. Não deve determinar
padrões estéticos. Não define o que é próprio e impróprio, adequado ou
inadequado, normal ou anormal. E a Psicanálise?
A Psicanálise
viabiliza um genuíno processo de conhecimento do si mesmo.
Existe na contramão. Advertência é possível ignorar? Livre
arbítrio. Vida ou morte. Em
Psicanálise as pessoas se aproveitam do vivido e transformam sua história de
vida na marca de sua diferença pessoal e intransferível. Oferta-se um espaço de escuta diferenciada, no qual valores
esquecidos, sentimentos sufocados, medos, angústias podem ser compartilhados,
no tempo certo. Sem pressa. Sem pressão. Espaço onde o novo possa ser criado e
recriado. Até que ponto você arriscaria sua identidade para ser aceito? Sabe o que você encontrará ao olhar-se?
A temporalidade é constituinte.
Mudanças sejam
bem-vindas! Creio em milagres. Penso ser o tempo das forças de vida. Compor nossa
história. Amar-se por inteiro. Confiança
em si mesmo. Acreditar no bom. Esperança. Verdadeiras fontes da juventude. Não
se esgotam com o passar dos anos. Nem se encerram na incompletude inerente ao
humano. O tempo urde e tece suas tramas em nossos corpos. Marcante. Significativo.
O tempo passa. Desgasta. Faz amadurecer. Permitindo a cada um edificar sua
história inédita e singular. Penso que brilho no olhar é resgatar o caso de
amor com a pessoa bela que você é. Olhe-se no espelho. Não se compare a
ninguém, pois cada um de nós é um personagem único no teatro da vida. Que é
bonita. É bonita. É bonita!
Bibliografia:
ANDRADE,
C.D. (1970). Ausência. In C.D.
Andrade, Antologia Poética. Rio de Janeiro: Sabiá.
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CURY, Augusto J. A ditadura da beleza e a
revolução das mulheres. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
DOCKHORN,
C.N. B. F. e MACEDO, M. M. K. A
Complexidade Dos Tempos Atuais: Reflexões Psicanalíticas. Disponível em:
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FREUD,
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KNOPPI, G. C. A influência da
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MEDEIROS, M. Juventude Eterna. Síndromes do feminino. Jornalista e escritora, é colunista do jornal Zero Hora (Porto Alegre/RS) e de O Globo ( Rio de Janeiro/RJ). Dispinível em <http://www.docelimão.com.br/site/sindromes-do-feminino/308-juventude-eterna.html> Acesso em: 22/05/2015.
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VILHENA,
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Claudia. Disponível em: < http://portal.estacio.br/media/3580529/narcisismo-na-socidade-do-espetaculo.pdf>
Acesso em: 22/05/2015.
domingo, 31 de maio de 2015
Obcecados pela Beleza: ser ou ter?
sábado, 30 de maio de 2015
Reflexos e Reflexões
Obcecados
pela Beleza: ser ou ter?
Beleza e estética podem ser
paraíso? Prisão? Estamos irremediavelmente presos à nossa imagem? O
espelho de vidro apenas denuncia esta prisão? A avaliação psicológica deve
anteceder procedimentos sucessivos? Você acredita que imagem é tudo? Ser ou
ter? Eis, a questão: - Espelho, espelho meu, és encanto ou maldição?
quarta-feira, 13 de maio de 2015
O atual debate sobre a Maioridade Penal
“O Debate atual sobre a Maioridade Penal ”
Eliane Pereira Lima
Psicologia – Psicanálise
CRP 06/43457
As grandes crises
comportam grandes decisões. Oportunidade! Que bom é o debate! Controvérsias...
Informações... Formação de opinião! Você
já se posicionou? Acredita que a redução é o caminho mais adequado para
garantir uma sociedade mais justa e segura? Acha que todos os adolescentes estão
ficando cada vez mais violentos e perigosos? Percebe o adolescente infrator como
um sujeito em desenvolvimento? Somente o
vê como um adolescente em conflito com a lei? Já ponderou sobre qual o efeito
real que a diminuição da idade penal pode ter na redução da criminalidade e na
melhoria da vida das pessoas? Seu filho deve ir para prisão? A medida
socioeducativa o está fazendo reparar o ato infracional? O cumprimento o está ajudando
a corrigir a rota e ter um projeto de vida? Você tem aberto a sua boca para
defender suas ideias e participar deste momento tão delicado e importante às
nossas crianças e adolescentes?
Já sabemos que a adolescência – como fase do
desenvolvimento ou como segmento social - inquieta e incomoda. Lança um desafio
ao mundo adulto que exige enfrentamento. Desacomoda-nos. Temos que nos ocupar
em solucionar o impasse do desenvolvimento: vida ou morte. O adolescente busca expressar
aquilo que não se espera e do modo que lhe é possível. Denuncia desesperadamente
que as coisas não estão indo bem. Ao mesmo tempo rompe com o papel de mudança
que dele se espera e expõe a desigualdade e a falta de perspectivas próprias da
sociedade atual. Com essas considerações, podemos entender que as atitudes de
violência dos adolescentes expressam algo que não é verbalizado. O
comportamento equivocado busca comunicar o desconforto e o sofrimento. Não
podemos considerar de forma unilateral, como algo que lhe é singular, pessoal e
esquecermos a relação, não podemos desconsiderar o contexto atual e muito menos
a nossa responsabilidade.
Assim, nossa sociedade, num ritmo frenético e
maníaco, evidencia incertezas e dúvidas. Confusão. Corrupção. Impunidade. Um
mundo que valoriza o ter ao ser, onde os valores morais, éticos estão
subjugados pelo consumismo, oportunismo, à beleza e a outros valores efêmeros. Uau!
Como isto reflete em quem está em desenvolvimento? E mais, encontramo-nos
diante de uma adolescência cada vez mais precoce. Assim, creio que a solução
para a violência e criminalidade é muito mais complexa e sofisticada. Sobretudo,
requer muitas ações, em prioridade, em nosso mundo adulto caótico em autoridade
(Autoridade é saber fazer, orientar e dar modelo). Aliás, não passa pelo massacre
de nossos jovens e crianças, principalmente, dos menos favorecidos. Precisamos
investir em adoção de medidas profiláticas no meio social, começar muito cedo,
desde o bebê. Evitar as causas... Família, Estado, Escola, Sociedade
Organizada... todos terão que fazer a diferença em prevenção.
Desde 2006, ora Americana ora SBO, trabalho com adolescentes
e famílias em cumprimento de medidas socioeducativas. Sei o quanto os casos são
individuais e o quanto cada adolescente é único. Entendo que as práticas de ato
infracional pelos jovens são sintomas. São sinais que denunciam uma demanda
afetiva que não tem encontrado lugar para elaboração. Faltam amor e frustração adequados e em
sintonia. Também, podem expressar a incredulidade quanto às instituições e ao
que o futuro reserva. Vejo muitos em pleno vir a ser. Requerem verdadeiros e
intensivos programas de acolhimento, proteção e educação que favoreçam o
crescimento, o pleno desenvolvimento e o ingresso no mundo adulto.
Infelizmente, ainda há muito previsto em lei, no discurso, no papel, mas na
prática... No entanto, a simples privação de liberdade não possui caráter
educativo, o que significa que apenas a internação não é uma medida capaz de
evitar que o adolescente pratique novas infrações.
Na adolescência a
elaboração psíquica ainda é muito frágil. O sujeito vai da situação para o ato
muito rápido. Aí vem briga na escola, a briga com a família, atos que não serão
vistos como tão problemáticos, mas também poderá ocorrer o ato infracional. No
momento em que um adolescente comete um ato infracional, seja o mais simples
que for ele tem que receber uma medida correspondente que o responsabilize.
Esta medida deve respeitar as peculiaridades dessa etapa de vida, pois a
inimputabilidade penal não significa impunidade. Ainda, mais importante é
oferecer espaços para que o adolescente se expresse e, de fato, possa elaborar informações,
limites, interdições e normas de convívio social. Nessa fase, ele também vive
um processo de desligamento da família e passa por um grupo que lhe dá certa
identidade. Se ele for mandado para uma penitenciária, que grupo será esse?
Colocar um adolescente na prisão é aborto ao desenvolvimento. Se a medida for
bem aplicada e se, em torno do adolescente, tiver um conjunto de políticas
públicas para ele e sua família, é possível diminuir em grande escala a
ocorrência de atos mais graves. O apoio emocional para o fortalecimento de suas
relações consigo mesmo, com sua família e com a sua comunidade é essencial. E
nesse sentido, é também imprescindível que se crie uma rede de apoio ao
adolescente na família e na comunidade, pois são os vínculos que contribuirão
para evitar que a reincidência aconteça. E essas medidas devem ser tomadas não
apenas com o objetivo de tornar esses adolescentes úteis e adaptados ao mundo
de fora, mas como forma de reconhecer todos os direitos inerentes à pessoa humana.
Só assim será possível assegurar as oportunidades e facilidades necessárias
para o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social em condições
de liberdade e de dignidade, de modo que passem de cidadãos de papel a cidadãos
de fato.
Os casos que
repercutem na mídia e inflamam o clamor da população diz respeito a atos de
extrema crueldade que sugeririam a existência de casos de psicopatia ou
sociopatia entre adolescentes. Quando há casos graves, violentos e hediondos,
que são minoria, a Psiquiatria não se furtou de opinar. Sabe-se que os adolescentes
que são portadores de distúrbios psiquiátricos podem beneficiar-se de
medicações, já os psicopatas são refratários à medicação. Por outro lado,
concordo que adolescentes com transtornos de personalidade com um padrão de
desconsideração e violação dos direitos dos outros não irão, em apenas três
anos, recuperar-se dessa estrutura doentia de personalidade. Estes requerem um
tratamento socioterápico de longa duração em meio apropriado. O custo alto é um
investimento pequeno diante dos resultados sociais.
Concordo que os três
anos de internação de menores com delitos graves são insuficientes para
mudanças. Há 21 anos pratico a psicologia e psicanálise. Portanto, aprendi que para mudar padrões de
conduta, de valores e levar o indivíduo a poder administrar seus impulsos
agressivos e libidinosos, bem como se conscientizar de sua capacidade de
construir e destruir relações pode-se levar mais de uma década nos casos de
sucesso terapêutico. Contudo, o próprio SINASE já prevê o que deve ser feito
nessas circunstâncias, orientando que, no caso de um adolescente apresentar
indícios de sofrimento mental, ele deverá receber tratamento de acordo com as
disposições da Lei 10.216 de 2001 (Lei de Reforma Psiquiátrica), que não
descarta a possibilidade de internação compulsória a pedido judicial.
Concluo que abrir as
portas da prisão a jovens menores de 18 anos é fechar as portas não somente
para o seu próprio desenvolvimento, mas também para o País. Há que ter
competência na contínua avaliação e saber distinguir cada psicodinâmica
individualmente. Atacar o indivíduo, desconsiderando as causas da violência e
da criminalidade, é a resposta irracional a um apelo da sociedade de caráter
mais amplo por justiça social. Chega de desigualdades marginalizadoras,
injustiça e exclusão social. A diminuição da maioridade penal pura e
simplesmente não resolverá o problema da insegurança e agravará a criminalidade.
Nesse sentido, faço coro que cabe exigir do Estado a urgente pratica das
medidas socioeducativas e o investimento em educação de qualidade, além de
medidas que eliminem as desigualdades sociais. O próprio ato infracional é,
portanto, um indicador de que o Estado, a sociedade, a escola e a família não
têm cumprido adequadamente seu dever de assegurar, com absoluta prioridade, os direitos
da criança e do adolescente. Creio a prioridade ainda consiste na aplicação
efetiva do que está na lei. Temos urgente que estruturar o sistema socioeducativo.
Um sistema que ofereça medidas de meio aberto e medidas de meio fechado, com
infraestrutura, com recursos humanos bem dimensionados, preparados e
valorizados. E essas medidas têm que ter uma proposta pedagógica consistente.
Não adianta deixar o menino preso ou colocá-lo na liberdade assistida sem saber
aonde queremos chegar. Temos que acompanhá-lo na escola, inseri-lo em
atividades profissionalizantes, de esporte, cultura e lazer. Se investirmos
efetivamente em políticas públicas, teremos transformação.
Educação,
saúde, assistência, cultura para os nossos adolescentes! Cadeia não. Liberdade
com responsabilidade: sem dúvida alguma Deus existe!!!
Bibliografia:
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Acesso em: 04 Maio 2015.
BORGES, Mariza. Jornal O Tempo: maioridade penal no Brasil
deve ser reduzida dos 18 para os 16 anos? Disponível em: <http://site.cfp.org.br/jornal-o-tempo-maioridade-penal-no-brasil-deve-ser-reduzida-dos-18-para-os-16-anos/>.
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CANO, Ignacio. Como substituir o poder paralelo. Disponível
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CRP SP.
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para 16 anos, foi votada nesta terça-feira, dia 31 de março de 2015. Disponível
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ZEITOUNE, Christiane. Sociedade: Reduzir a maioridade penal?.
Disponível em: <http://www.ipla.com.br/editorias/sociedade/reduzir-maioridade-penal.html>.
Acesso em: 04 Maio 2015.
Obs: Publicado Jornal Todo Dia (04 e 05/06/2015)
http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2015/06/opiniao/77839-o-debate-sobre-a-maioridade-penal--parte-1.php
http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2015/06/opiniao/77945-o-debate-sobre-a-maioridade-penal--parte-2.php
http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2015/06/opiniao/77839-o-debate-sobre-a-maioridade-penal--parte-1.php
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