domingo, 13 de março de 2016

Amor ao Bicho: Sobre Posse Responsável

"A falta que eles fazem"

   Hoje, foi veiculado no Jornal Todo Dia (RMC), no Caderno Toda Gente, uma matéria de Claudete Campos, sobre posse responsável.

  Acessei e está disponível em:

http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/03/caderno/todagente/104812-a-falta-que-eles-fazem.php


   
   Gratidão a todos que fazem circular o bem, aos meus amados bichos "Tutuzinho e Biju", aos meus amados sempre muito vivos dentro de mim e à sensibilidade da autora do texto. Sobretudo, à oportunidade de revisitar as cavernas das boas lembranças e das saudades. Remeto à poesia:

"... aprendi com as flores 
a deixar cortar-me e a voltar sempre inteira.. 
... E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim."

Cecilia Meireles

quinta-feira, 10 de março de 2016

Mulher de corpo e alma



“Mulher de corpo e alma”


   Como falar em mulher e ser original? Inquietude. Tensão. Creio que o novo nasce na tradição. Inovando transformamos o conhecido. Nasce-se mulher? Torna-se mulher? O feminino é uma construção. Aliás, impossível é negar o imenso maternal: o primeiro amor de homens e mulheres.

   Há as viscerais que vivem tudo com paixão. Outras quase de si esquecem. Muitas competem exaustivamente com as outras, consigo ou com os homens. Cegas não se percebem semelhantes. Iguais e diferentes. Trágicas as que se colocam no lugar da bruxa e megera. Nora. Cunhada. Sogra. Amante. Traída. Vítima. Vilã. Embates catastroficamente inviáveis. Criam espaços, como diz o poeta, onde não cabem por pecarem em excessos. Muitas cindem o que é natural. Ora puta ora santa. Relações amorosas e afetivas conflitantes em que a tragédia e fatalidade são inevitáveis. Culpa. Quantas emboscadas na repetição, mágoa, rancor, remorso e ressentimentos. Prisioneiras do romance familiar infindável. “Cem anos de solidão” é pouco.

   E as belas? São divas? Glamour. O corpo tem papel na constituição psíquica, pois antes de tudo o ego é corporal. O ícone da referência pessoal é a aparência? Imagem é tudo? Sábias são as guardiãs da solda do amor: são olhadas, enxergam e são vistas, veem. Afinal, o que torna um corpo biológico em humano? Independente do sexo feminino ou masculino é a linguagem do coração. As “feias” perdoem. Exigimos demais de nós mesmas ou dos outros? Compreendam. Meu coração é vermelho! Expectativas irreais é terra de ninguém. O corpo pode ser armadilha. Prisão. Verde?! Sempre é tempo de vir a ser. Que bom que em tudo há reparação! Assim, vamos investir em nos tornar melhor. 

Sempre existe em nós ou em nossa vida 
áreas que precisam de reparo.


Eliane Pereira Lima
Psicóloga


Veiculado pelo "O Liberal", Edição 14896, na página 2, em 09/03/2016, disponível em http://liberal.com.br/virtual/

domingo, 6 de março de 2016

A mulher que vive em mim

“Mulher: corpo e alma”

A primeira frase de cada romance deveria ser:
“Acredite em mim, isso vai tomar tempo
mas há uma ordem aqui, muito tênue, muito humana.”
Se você quer ir para a cidade, vagueie.
Michael Ondaatje

“Quem vive em função do brilho, ainda que tenha sucesso, será infeliz”.
Augusto Cury

   Como falar em mulher e ser original? Inquietude. Tensão. Creio que o novo nasce na tradição. Inovando transformamos o conhecido. Nasce-se mulher? Torna-se mulher? O feminino é uma construção. Aliás, impossível é negar o imenso maternal: o primeiro amor de homens e mulheres.
   Há as viscerais que vivem tudo com paixão. Outras quase de si esquecem. Muitas competem exaustivamente com as outras, consigo ou com os homens. Cegas não se percebem semelhantes. Iguais e diferentes. Trágicas as que se colocam no lugar da bruxa e megera. Nora. Cunhada. Sogra. Amante. Traída. Vítima. Vilã. Embates catastroficamente inviáveis. Criam espaços, como diz o poeta, onde não cabem por pecarem em excessos. Muitas cindem o que é natural. Ora puta ora santa. Relações amorosas e afetivas conflitantes em que a tragédia e fatalidade são inevitáveis. Culpa. Quantas emboscadas na repetição, mágoa, rancor, remorso e ressentimentos. Prisioneiras do romance familiar infindável. “Cem anos de solidão” é pouco.
   E as belas? São divas? Glamour. O corpo tem papel na constituição psíquica, pois antes de tudo o ego é corporal. O ícone da referência pessoal é a aparência? Imagem é tudo? Sábias são as guardiãs da solda do amor: são olhadas, enxergam e são vistas, veem. Afinal, o que torna um corpo biológico em humano? Independente do sexo feminino ou masculino é a linguagem do coração. As “feias” perdoem. Exigimos demais de nós mesmas ou dos outros? Compreendam. Meu coração é vermelho! Expectativas irreais é terra de ninguém. O corpo pode ser armadilha. Prisão. Verde?! Sempre é tempo de vir a ser. Que bom que em tudo há reparação! Assim, vamos investir em nos tornar melhor. Sempre existe em nós ou em nossa vida áreas que precisam de reparo.

“Quantas vezes a gente, em busca de ventura,
procede tal e qual o avozinho infeliz:
em vão, por toda a parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!”
Mario Quintana

“As estórias são flores que a imaginação faz crescer no lugar da dor... E a beleza torna a dor suportável”.
Rubem Alves

Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica, Organizacional e do Trabalho
Psicologia - Psicanálise
CRP 06/43457
Crianças - adolescentes – adultos

R. Osvaldo dos Santos n° 46 – Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230   ( (19) 3468-3541 e 99740-0046


Bibliografia
ALMEIDA, M. M. M. Simone de Beauvoir: uma luz em nosso caminho. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/cadpagu_1999_12_13_ALMEIDA.pdf Acesso em 04/03/2016.
ALVES, R. Se eu pudesse viver minha vida novamente... São Paulo: Verus Editora, 2004.
ALVES, R. Um mundo num grão de areia: o ser humano e seu universo. São Paulo: Verus Editora: 2002/2003.
BRITTON, R. e outros O complexo de édipo Hoje: implicações clínicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
CURY, A. Maria, a maior educadora da História: os dez princípios que Maria utilizou para educar o Menino Jesus: uma visão da psicologia, psiquiatria e pedagogia sobre a mulher mais famosa e desconhecida da história. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.
FREUD, S. A dissolução do complexo de Édipo. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIX.        
_________ A Interpretação de Sonhos. Rio de Janeiro: Imago Editora (Edição Standard Brasileira), 1980, v. IV e V.
_________ Algumas consequências psíquicas das diferenças anatômicas entre os sexos. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIX.     
_________ Carta 57. Bruxas e Simbolismo. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, vol. I.
_________ Carta 75. Zonas erógenas Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. I.       
_________  Sexualidade Feminina. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XXI.
_________  Novas conferências introdutórias sobre psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XXII.        
_________ O ego e o id . Rio de Janeiro: Imago Editora, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIX.
_________ Romances Familiares. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. IX.
_________  Sexualidade feminina. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XXI.       
_________  Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor (Contribuições à Psicologia do Amor II). Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XI.        
_________  O tabu da virgindade (Contribuições à Psicologia do Amor  III). Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XI
_________  Sobre as teorias sexuais das crianças. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. IX.       
_________  Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. VII.                    
_________ Sobre o Narcisismo: uma introdução. Rio de Janeiro: Imago Editora, (Edição Standard Brasileira), 1980, v. XIV.
KANCYPER, L. Confrontação de Gerações. Estudo Psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
_____________ Ressentimento e remorso. Estudo Psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.
KLEIN, M. Psicanálise da Criança. São Paulo: Mestre Jou, 1981.
_________ Amor, Culpa e Reparação e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1996.
LAMANNO, V. L.C. Relacionamento Conjugal. Uma abordagem Psicanalítica. São Paulo: Summus, 1990.
_________________ Repetição e Transformação na vida conjugal. A Psicoterapia do Casal. São Paulo: Summus, 1994.
LAPLANCHE, J. e Pontalis; Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
MALDONADO, M. T. Vida em Família: conversas entre pais e jovens. São Paulo:Editora Saraiva, 1996.
MORAES, V. Nova antologia poética. Vinícius de Moraes. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
OGDEN, T. H. Os Sujeitos da Psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
ROTHGEB, C. L. Chaves-resumo das obras completas/ Sigmund Freud. São Paulo: Editora Atheneu, 1999.
SANTOS, M. G. Simone de Beauvoir. “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Disponível em <periodicos.pucminas.br/index.php/sapereAude/article/view/2081>. Acesso em 04/03/2016.
SOUZA, K. C. V. O feminino na estética do corpo: uma leitura psicanalítica. Disponível em: <www.unicamp.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=117> Acesso em 04/03/2016.
WINNICOTT, D. W. A Família e o Desenvolvimento Individual. Martins Fontes, 1997.
WINNICOTT, D. W. Os bebês e suas Mães. São Paulo: Martins Fontes, 1999.


terça-feira, 1 de março de 2016

Você tem mesmo fome de quê?


"Você tem mesmo fome de quê?"


Quem nasce primeiro o ovo ou a galinha? Corpo ou mente? Dietas mirabolantes. Exaustão. Perder peso rapidamente. Fácil. Manter? Qual é o milagre? Nutrição e atividade física adequada não bastam. A operação passa pelo coração que não se enquadra na matemática. Sem mente no comando não há corpo saudável e ideal. Freud explica. Ficcionalmente o aparelho psíquico é inaugurado no início da vida. A nutrição imprime um registro mental da vivência de satisfação. Sobreposto à necessidade física há o essencial suplemento afetivo: memória da vivência de amor e prazer. Sofremos de reminiscência e vamos buscar sempre vivências conhecidas de prazer. Somos, ainda, regidos pela tendência à repetição e as lembranças muitas vezes nos aprisionam. Na obesidade, a comida pode ser fonte de compulsão: adoça o amargo da vida. Resgatam-se velhos caminhos: o primeiro é a boca!

   Comer é evento social, cultural e emocionalmente significativo. Na mesa há rituais que reabastecem a pilha emocional. Até a Santa Ceia remete ao simbolismo da alma e do espírito ensejado no ato de comer e beber! Sobretudo, no emagrecer, há outras dinâmicas mentais cujo significado do sintoma deve ser desvelado no processo psicoterápico, pois cada indivíduo é único e necessitamos solucionar seu enigma particular.

   Academias, reeducação alimentar, procedimentos estéticos, médicos... Somente atingirão efeito duradouro se houver solução de conflitos psíquicos: organizar e desenvolver a mente para que o corpo deixe de ser terra de ninguém, ou seja, joguete do inconsciente. Emagrecimento é questão de cabeça e corpo sãos!!! Ter vida de qualidade e significativa é muito diferente de ter somente uma pobre qualidade de vida!


Eliane Pereira Lima

Psicóloga - CRP 06/43457

Publicado em O Liberal - Americana (SP), Edição 14889, em 01/03/2016, em http://vp.virtualpaper.com.br/oliberal?e=9226&l=1