terça-feira, 1 de março de 2016

Você tem mesmo fome de quê?


"Você tem mesmo fome de quê?"


Quem nasce primeiro o ovo ou a galinha? Corpo ou mente? Dietas mirabolantes. Exaustão. Perder peso rapidamente. Fácil. Manter? Qual é o milagre? Nutrição e atividade física adequada não bastam. A operação passa pelo coração que não se enquadra na matemática. Sem mente no comando não há corpo saudável e ideal. Freud explica. Ficcionalmente o aparelho psíquico é inaugurado no início da vida. A nutrição imprime um registro mental da vivência de satisfação. Sobreposto à necessidade física há o essencial suplemento afetivo: memória da vivência de amor e prazer. Sofremos de reminiscência e vamos buscar sempre vivências conhecidas de prazer. Somos, ainda, regidos pela tendência à repetição e as lembranças muitas vezes nos aprisionam. Na obesidade, a comida pode ser fonte de compulsão: adoça o amargo da vida. Resgatam-se velhos caminhos: o primeiro é a boca!

   Comer é evento social, cultural e emocionalmente significativo. Na mesa há rituais que reabastecem a pilha emocional. Até a Santa Ceia remete ao simbolismo da alma e do espírito ensejado no ato de comer e beber! Sobretudo, no emagrecer, há outras dinâmicas mentais cujo significado do sintoma deve ser desvelado no processo psicoterápico, pois cada indivíduo é único e necessitamos solucionar seu enigma particular.

   Academias, reeducação alimentar, procedimentos estéticos, médicos... Somente atingirão efeito duradouro se houver solução de conflitos psíquicos: organizar e desenvolver a mente para que o corpo deixe de ser terra de ninguém, ou seja, joguete do inconsciente. Emagrecimento é questão de cabeça e corpo sãos!!! Ter vida de qualidade e significativa é muito diferente de ter somente uma pobre qualidade de vida!


Eliane Pereira Lima

Psicóloga - CRP 06/43457

Publicado em O Liberal - Americana (SP), Edição 14889, em 01/03/2016, em http://vp.virtualpaper.com.br/oliberal?e=9226&l=1

Nenhum comentário:

Postar um comentário