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quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Criança: Animal estimado
Criança:
Animal estimado
Você teve durante sua
infância algum animalzinho de estimação? Já percebeu o quanto eles são
importantes para as crianças?
A literatura, os mitos, as
lendas, os desenhos infantis, os filmes e a psicologia atestam a preponderância
que os animais de estimação chegam a ocupar na vida afetiva das crianças.
Também, a Psicanálise estudou o porquê dessa significação e atualmente temos
várias frentes de terapias que utilizam o animal como recurso auxiliar na
estimulação e reabilitação, inclusive de pessoas portadoras de deficiências.
Porém, são muito importantes
os cuidados fundamentais com o animal de estimação, pois animais domésticos são
também transmissores de muitas doenças aos seres humanos. Aqui contam as idas
periódicas ao veterinário, o acompanhamento à risca de todas as orientações e
tratamento, obrigatoriedade de vacinações e vermifugações, cuidados de limpeza
e higiene, etc. Ou seja, só podemos considerar como um animal de estimação o
que for bem cuidado e verdadeiramente nosso amigo, quer seja o cãozinho, gato,
coelho, porquinho da índia, cavalo... ou até, não sei se possível, o animal considerado
exótico.
Bem, já que estamos falando
de estimação e cuidado, não podemos ignorar o bem querer, a consideração, a percepção
e a inteligência da criança, a qual interpreta tudo o que ocorre a sua volta e,
é claro, com o bichinho de estimação isto não é diferente.
É muito importante a conduta dos pais frente aos
animais que seus filhos amam. Muitas vezes os pais desabafam sobre os animais, agressões,
castigos e censuras que, na realidade, são dirigidos a seus filhos. A criança
interpreta e compreende o significado inconsciente da conduta de seus pais, o
que as angustia e as aterroriza. Castigar o animalzinho e até maltratá-lo,
afastá-lo ou eliminá-lo, deixa marcas profundas na vida psíquica infantil.
Explico melhor. Maus tratos
ao animal de estimação repercutem na vida futura da criança, porque esta
compreende o significado inconsciente da ameaça: psicologicamente funciona como
advertência e muitas vezes inibe o desenvolvimento infantil.
Exemplificando como é clara
a intenção de agressão ao sujeito, menciono episódio televisivo apresentado
recentemente no Programa “Linha Direta”, onde o sujeito enciumado e impedido de
descarregar seu ódio contra a esposa, protegida por familiares e aparato
policial, invade a casa e descarrega toda sua fúria implacável no animalzinho
de estimação, joga violentamente ao chão o porquinho da índia e o pisoteia até
a morte. Aqui percebemos, obviamente com o desfecho da situação, a
destrutividade da fúria assassina. Lembrete: já que mencionei o questionável
programa de TV, é sempre bom lembrar que o mesmo jamais é indicado às crianças,
pelo contrário, situações de violência ou sexo desavisadamente assistidas na TV
ou presenciadas pelos nossos filhos devem ser explicadas e haver oportunidades
de diálogo para que não se tornem traumáticas. Embora tenha buscado exemplificar
com uma situação extrema, a intenção não foi chocá-lo, caro leitor, mas sim
remeter à situação de choque da criança que assiste seu animalzinho exposto a
maus tratos. Afinal, não adianta negarmos de que estamos descarregando nele
nossa raiva e que ela também está em perigo. A criança é sensível e perspicaz em
sua percepção, além de ser inteligente.
Eliane Pereira Lima
Psicóloga
CRP 06/43457
Eliane Pereira Lima
Psicóloga
CRP 06/43457
Publicado em 23/05/2002 no Jornal Todo Dia –
Americana (SP)
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