Obcecados
pela Beleza: ser ou ter?
Beleza e estética podem
ser paraíso? Prisão?
Estamos irremediavelmente
presos à nossa imagem?
O espelho de vidro apenas
denuncia esta prisão?
A avaliação psicológica
deve anteceder procedimentos invasivos e sucessivos?
Você acredita que imagem
é tudo? Vale tudo para ter o resultado sonhado?
Ser ou ter? Eis, a
questão:
- Espelho, espelho meu,
és encanto ou maldição?
Juventude eterna sempre foi sonho de consumo
da humanidade. Hoje as ciências realizam intervenções
estéticas antes inimagináveis. Infelizmente, a indústria da beleza tem riscos. É muito tênue a linha que separa o
cuidado saudável com o corpo de uma posição compulsiva. Procura obcecada por
perfeição e resultados mágicos resultam em comportamentos excessivos,
arriscados e desmesurados. O próprio exagero mostra a distorção de realidade. Excessos.
Dor. Frustração. Repetição. Resultado? Intenso mal-estar. Intui-se que a procura insana é necessária à “felicidade”.
Ignora-se o corpo, particular, mortal e histórico. Aliás, palco privilegiado dos conflitos. Construir
uma imagem é também ser afetado por ela. O ser e o parecer se confundem. Engodo.
Procedimentos e intervenções estéticas compulsivas são
sintomas.
Falam de uma angústia de aniquilamento, do horror ao vazio existencial. Somente
resta à compulsão em investir no corpo como necessidade do reequilíbrio do
psiquismo que tanto padece. Será que o espelho dará a resposta esperada? A
tragédia é ilustrada por recentes casos famosos veiculados pela mídia. O corpo não pode
ser dissociado da alma, entretanto, luz própria emana da autoestima. O cuidado
pessoal e de quem se gosta são importantes indicadores de autoestima elevada e
que envolve muito mais do que tentativas de manter uma aparência jovem. Luzes e
presenças confundem e enganam somente os mais fragilizados.
O psiquismo precisa habitar o próprio corpo,
um bem a ser protegido. Já o trabalho psicológico é movido pelo desejo e
escolha do indivíduo em sofrimento. Não deve regulamentar diferença ou
igualdades. Não deve determinar padrões estéticos. Não define o que é próprio e
impróprio, adequado ou inadequado, normal ou anormal. A
Psicanálise viabiliza um genuíno processo de conhecimento do si mesmo através
da escuta diferenciada, no qual valores esquecidos, sentimentos sufocados,
medos, angústias podem ser compartilhados. Espaço onde o novo possa ser criado
e recriado.
Penso que brilho no olhar é resgatar o caso de amor
com a pessoa bela que você é.
Olhe-se no espelho!
Eliane Pereira Lima
Psicologia
– Psicanálise
crianças
– adolescentes - adultos
CRP 06/43457
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