segunda-feira, 1 de junho de 2015

Beleza: ser ou ter?

Obcecados pela Beleza: ser ou ter?

Beleza e estética podem ser paraíso? Prisão?
Estamos irremediavelmente presos à nossa imagem? 
O espelho de vidro apenas denuncia esta prisão?
A avaliação psicológica deve anteceder procedimentos invasivos e sucessivos?
Você acredita que imagem é tudo? Vale tudo para ter o resultado sonhado?
Ser ou ter? Eis, a questão:
- Espelho, espelho meu, és encanto ou maldição?

   Juventude eterna sempre foi sonho de consumo da humanidade. Hoje as ciências realizam intervenções estéticas antes inimagináveis. Infelizmente, a indústria da beleza tem riscos. É muito tênue a linha que separa o cuidado saudável com o corpo de uma posição compulsiva. Procura obcecada por perfeição e resultados mágicos resultam em comportamentos excessivos, arriscados e desmesurados. O próprio exagero mostra a distorção de realidade. Excessos. Dor. Frustração. Repetição. Resultado? Intenso mal-estar. Intui-se que a procura insana é necessária à “felicidade”. Ignora-se o corpo, particular, mortal e histórico. Aliás, palco privilegiado dos conflitos. Construir uma imagem é também ser afetado por ela. O ser e o parecer se confundem. Engodo. Procedimentos e intervenções estéticas compulsivas são sintomas. Falam de uma angústia de aniquilamento, do horror ao vazio existencial. Somente resta à compulsão em investir no corpo como necessidade do reequilíbrio do psiquismo que tanto padece. Será que o espelho dará a resposta esperada? A tragédia é ilustrada por recentes casos famosos veiculados pela mídia.  O corpo não pode ser dissociado da alma, entretanto, luz própria emana da autoestima. O cuidado pessoal e de quem se gosta são importantes indicadores de autoestima elevada e que envolve muito mais do que tentativas de manter uma aparência jovem. Luzes e presenças confundem e enganam somente os mais fragilizados.
   O psiquismo precisa habitar o próprio corpo, um bem a ser protegido. Já o trabalho psicológico é movido pelo desejo e escolha do indivíduo em sofrimento. Não deve regulamentar diferença ou igualdades. Não deve determinar padrões estéticos. Não define o que é próprio e impróprio, adequado ou inadequado, normal ou anormal. A Psicanálise viabiliza um genuíno processo de conhecimento do si mesmo através da escuta diferenciada, no qual valores esquecidos, sentimentos sufocados, medos, angústias podem ser compartilhados. Espaço onde o novo possa ser criado e recriado.


Penso que brilho no olhar é resgatar o caso de amor
com a pessoa bela que você é.
Olhe-se no espelho!

Eliane Pereira Lima
Psicologia – Psicanálise
crianças – adolescentes - adultos
CRP 06/43457

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