quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sabedoria

Sabedoria em versos


Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina
...

Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.
 "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

Cora Coralina
...
Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite 
minha pobreza tal como sempre foi. 

Que não sinta o que não tenho. 
Não lamente o que podia ter 
e se perdeu por caminhos errados 
e nunca mais voltou. 

Dai, Senhor, que minha humildade 
seja como a chuva desejada 
caindo mansa, 
longa noite escura 
numa terra sedenta 
e num telhado velho. 

Que eu possa agradecer a Vós, 
minha cama estreita, 
minhas coisinhas pobres, 
minha casa de chão, 
pedras e tábuas remontadas. 
E ter sempre um feixe de lenha 
debaixo do meu fogão de taipa, 
e acender, eu mesma, 
o fogo alegre da minha casa 
na manhã de um novo dia que começa.
Cora Coralina
...
O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes.

Cora Coralina
...
O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, 
no fim terás o que colher.
Cora Coralina

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Poesia

"Natureza
palpita em nossa células
o mutualismo de nossas vidas;
cantas nos meus versos;
vegeto nos teus cernes;
quando nos defrontamos,
um milagroso mimetismo
nos unifica".
Gilka Machado

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Gratidão

Graças Dou

Harpa Cristã

Graças dou por esta vida: pelo bem que revelou.
Graças dou pelo futuro e por tudo que passou.
Pelas bênçãos derramadas, pela dor, pela aflição,
Pelas graças reveladas! - graças dou pelo perdão.
Graças pelo azul celeste e por nuvens que há também,
Pelas rosas do caminho e os espinhos que elas têm,
Pelas noites desta vida, pela estrela que brilhou,
Pela prece respondida e a esperança que falhou.
Pela cruz e o sofrimento e a final ressurreição,
Pelo amor que é sem medida, pela paz no coração,
Pela lágrima vertida e o consolo que é sem par
Pelo dom da eterna vida, sempre Graças hei de dar!


www.youtube.com/watch?v=8oUkvLe2ta8
www.youtube.com/watch?v=2xkE_ianz0w

domingo, 19 de abril de 2015

Capacidade de indignação é essencial!!!

Servidores da Fundação Casa são contra a redução da maioridade penal

09/04/2015
Trabalhadores afirmam que ressocialização dos menores exige estrutura e condições dignas no ambiente de trabalho

Escrito por Vanessa Ramos

Mulheres e homens que trabalham em diferentes áreas da Fundação Casa, com adolescentes e jovens autores de atos de violência, estiveram reunidos nesta quinta-feira (9), em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo, para cobrar resposta do governo estadual à pauta da campanha salarial.
Mas a atividade não parou por aí. Como uma das pautas mais caras à sociedade está em evidência e tem relação direta com o ambiente de trabalho desses servidores, eles também aproveitaram para se posicionar contrários à PEC 171, de 1993, que propõe a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.  Ela foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, no último dia 31 de março, e segue tramitando.

“Sabemos que o sistema ainda não tem as condições plenas, mas tirar a chance de um adolescente ou jovem ser recuperado e colocá-lo nas cadeias é o mesmo que não tratar o problema em sua raiz. Ao mesmo tempo é permitir que ele, em processo de formação, se forme definitivamente na escola do crime, onde atuam grandes facções, seja aqui em São Paulo ou no restante do Brasil”, afirma o presidente Aldo Damião Antônio, do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família (Sitraemfa).

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), dos 21 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida. “As vítimas têm cor, classe social e endereço. Em sua grande maioria, são meninos negros, pobres, que vivem nas periferias das grandes cidades”, diz a organização.

Os dados da Unicef são confirmados pela psicóloga Maria Helena Machado, que há 15 anos trabalha na Fundação Casa. Hoje atua na Casa São Luiz 2, na região extrema da zona sul da capital. “Existe um recorte racial nas casas, os adolescentes internos em sua grande maioria são negros. Conversamos com eles sobre a questão racial, mas com o apoio de parceiros da própria comunidade. É o que sempre digo, a socioeducação precisa ser feita de forma adequada para dar certo”.

A servidora explica que os menores perguntam o que é a PEC. “Não conseguem compreender de maneira geral, isso porque a proposta de reduzir a maioridade penal apresenta um discurso vazio. Mas a questão é também outra, esses adolescentes foram excluídos desde a infância, da creche, da Emei [Escola Municipal de Educação Infantil] e da escola formal. Segregados na sociedade, se tornaram infratores”.

Contradição permanente
O agente de apoio socioeducativo da Fundação Casa, Laércio José Narciso, expressa descontentamento com as condições de trabalho e diz existir negligência do estado tanto com os servidores como com os adolescentes e jovens.
“Alguns viram pra mim e dizem: - ‘senhor, de boa, eu vou dirigir minha caranga [carro] e conhecer os manos dentro da cadeia´.  Não são todos que pensam assim e que querem conhecer um CDP [Centro de Detenção Provisório], mas com certeza muitos não entendem que a cadeia vai afastá-los do convívio social”.
Por outro lado, Narciso, que é também autor do livro “Cadeia de Chocolate”, no qual aborda o cotidiano dentro da Fundação Casa, observa que existem adolescentes que apontam outro lado. “Outro me disse também: – 'senhor, aqui tenho gel, pasta de dente e danone. Em casa, eu não tenho nada disso. Lá tenho dois irmãos internados, mais um na cadeia. Quando sair daqui, não sei o que vou fazer”, relata a fala do menino da periferia de São Paulo.
Maria Helena lembra que existem unidades que comportam 90 menores, mas que hoje acolhem cerca de 250. Ela reitera que, além da superlotação nas unidades, cada psicólogo chega a atender, em média, de 30 a 50 adolescentes semanalmente. “Não temos condições de atendimento no espaço físico dentro dos centros de ressocialização, nem salas de atendimento psicológico e nem onde atender os adolescentes. Muito menos conseguimos resguardar o sigilo do atendimento psicológico”.

Segundo ela, as mães dos adolescentes e jovens chegam a ser atendidas pelos psicólogos em salas de revista. “Para quem não sabe, são salas sem janelas e com apenas uma porta. Além de estarmos expostos a riscos ambientais, estamos expondo os adolescentes e a família toda a esta situação”, lamenta.

www.sindpsi.org

Que País é este?

02/04/2015

Quando a redução da maioridade penal 

ganha mais apelo do que a redução das 

desigualdades sociais


Escrito por Vinícius Saldanha, dirigente do SindPsi



Há algo de muito errado com um país quando a redução da maioridade penal ganha mais apelo na opinião pública do que a redução das desigualdades sociais, especialmente em um país marcado por esta última de maneira profunda.

Em primeiro lugar, é preocupante quando vemos o desvirtuamento do real compromisso que um Congresso Nacional deveria ter para com seu povo, ou seja, trabalhar pelo bem-estar comum, sobre temas que perpassam os diversos segmentos, pelos pressupostos democráticos e republicanos. Pelo contrário, o atual Congresso, que boicota as pautas democráticas e republicanas, por exemplo, obstruindo a votação do orçamento da União, a reforma política, a democratização dos meios de comunicação, entre outras, se apressa em votar a PEC da maioridade penal, elegendo-a como prioridade, como se dela dependesse o futuro da nação, assegurando a esta pauta uma agilidade de tramitação que outras pautas não têm.

A mídia, por sua vez, no melhor estilo "olho por olho e o mundo acabará cego" (ou seria "Olho na Globo e o mundo acabará cego"?), aposta no apelo emocional, no ódio, no desejo de vingança ("e se fosse com você ou com alguém da sua família?"), para abordar o tema de maneira fragmentada, passional, distorcendo sua visão mais ampla. Além disso, nega-se a discutir o contraditório, vide o ato de não dar espaço às entidades e movimentos que se posicionam contrários à proposta. Reforça sua argumentação em pesquisas que apontam ser a maior parte da população a favor da redução da maioridade penal. Ora, a democracia não é um processo constante de aferição de preferências circunstanciais, ainda mais quando os parâmetros de avaliação estão consideravelmente contaminados. Não estamos limitados a uma democracia plebiscitária - afinal tente perguntar se a maioria da população não quer que o salário mínimo suba para 5 mil reais. Se a maioria diz que sim, o Congresso vai aprovar o aumento do salário mínimo para esse valor?

Há de se ter os dois pés atrás com quem se apressa em fazer julgamentos e tomar decisões sem o devido diálogo, como faz a grande mídia e as forças predominantes no atual Congresso. Aliás, abrir mão de um debate amplo neste momento é um grande desserviço à nação. E, por falar nisso, quem é que teme o debate, o contraditório? Geralmente são aqueles que desconhecem suas próprias razões ou se envergonham delas (esses últimos tendem a maquiá-las, para que pareçam mais belas). No maior estilo blitzkrieg bop, a estratégia desses representantes da velha direita é tomar o Estado de assalto, retirando os direitos conquistados nas últimas décadas, enterrando as aspirações de um Estado protetor, mediador de relações igualitárias, para solidificar um modelo de Estado que se isenta do seu papel protetivo, assegurador de direitos, e que assume a função estritamente punitiva sobre seus cidadãos, exceto sobre os membros da elite, é claro.

Fazem isso porque se beneficiam de um país desigual, desejam um Estado que perpetue estas desigualdades, assegurando os próprios benefícios políticos, sociais, econômicos, oferecendo para a população oprimida a única política pública que consideram pertinente: a política do chumbo, a política do encarceramento. Isso explica o fato de os maiores defensores da redução da maioridade penal empunharem, como suposto argumento, a bandeira contra a impunidade, mas de não fazerem o mesmo no sentido de responsabilizar o Estado diante das flagrantes omissões contra crianças e adolescentes, ao não garantir condições adequadas de educação, saúde, moradia, abrigo institucional, ou diante da violência explícita em forma de abusos e extermínios cometidos por forças policiais nas periferias contra os jovens, ou ainda diante da seletividade da nossa justiça. 
Não por acaso, são esses que comumente se voltam contra as alternativas que tem reduzido, ao menos em partes, as desigualdades no Brasil, como as de transferência de renda, a lei de cotas, as ações autoafirmativas, os programas habitacionais, a democratização do acesso ao ensino superior, entre outras tantas, ainda que insuficientes. O problema é que as noções de justiça e de Estado que nos são veiculadas não ultrapassam a fronteira do nosso próprio nariz, e nem poderiam, pois se baseiam no individualismo, na exclusão do outro, na vingança, no ódio, onde é descartada qualquer tentativa de entender as relações de modo a transformá-las.

Uma vez que a redução da maioridade penal não vem, assim como mostram experiências ao redor do mundo, acompanhada de redução dos índices de violência, as perguntas que deveríamos fazer se pautam muito mais pela necessidade de mudanças na nossa estrutura desigual de sociedade do que em aspectos morais individuais.


Pergunta-se muito sobre qual seria a penalidade ou a medida adequada para que um adolescente em conflito com a Lei (ou seria a Lei em conflito com o adolescente?) "pagasse pelo que fez" e se tornasse apto para a convivência em sociedade. Penso que a pergunta deveria ser sobre o quanto precisamos transformar nossa sociedade, suas relações desiguais, seus fatores de vulnerabilidade, suas políticas públicas, de modo a torná-la apta para acolher nossas crianças, adolescentes e a nós mesmos.
A dificuldade de se formular esta última pergunta expressa uma sociedade fragilizada diante de interesses obscuros, antidemocráticos. Os tempos são difíceis. Mas a resposta para isso deve ser mais democracia, mais participação, mais debate. Sim, construir um debate pautado na justiça social é muito mais trabalhoso do que apelar para o sensacionalismo, o que torna nossa empreitada mais difícil.

Mas temos hoje o compromisso e uma oportunidade histórica ímpar. Talvez, mais do que pelas respostas, a história se mova pelas perguntas. Tenhamos força e disposição para, nesse atual momento de ataques reacionários aos nossos direitos, de crise política, construir, junto à sociedade, as perguntas certas para o momento.
http://www.sinpsi.org/artigos.php?id=124


sexta-feira, 17 de abril de 2015

Vida!!!

Tempo de Travessia

Fernando Pessoa



"Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
Que já tem a forma do nosso corpo,
E esquecer os nossos caminhos,

que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
E, se não ousarmos fazê-la,
Teremos ficado, para sempre,
À margem de nós mesmos"

Amém!!!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Maioridade Penal em Debate:"Eu vejo Flores em você!!!"

"Eu vejo Flores em você!!!"


Hoje vale ler "O Liberal" (jornal de Americana-SP), de 15 de abril de 2015, pois temos que nos apropriar da leitura da realidade integrando seus vários olhares, sobretudo, para não "ter dois pesos e uma medida": não ter uma opinião unilateral e superficial. Aliás, não incorrer "no olho por olho e dente por dente", no violento País da Lei do Talião, de Lei de Gerson e da impunidade imperante.
Há necessidade de muita interlocução, posição madura, responsável e sensata, pois somos nós os representantes do mundo adulto diante dos nossos jovens. Sobretudo, somos nós os responsáveis pelo caos que há no mundo que apresentamos aos que estão em desenvolvimento, tanto crianças como jovens.

"Qual o mundo que deixaremos aos nossos filhos? Que filhos iremos deixar para o mundo?" (plagiando o que outros antes falaram...)

Lembrando que eles jovens - não são adultos e nem mini adultos - não estão prontos. Obrigatoriamente temos ainda que terminar nossa tarefa de casa: formar cidadãos!!!
Assim, indico lerem as opostas opiniões: contra e a favor da PEC 171 (engodo  e estratégia política para "tapar o sol com a peneira" sobre as causas da violência).


Também, recomendo:o impactante e crítico filme, o curta no Youtube:  "Ilha das Flores"  www.youtube.com/watch?v=e7sD6mdXUyg


Contra prisão para adolescentes dos 16 a 18 anos - deteriorante para qualquer ser humano:
"Não nos esqueçamos que, um dia, esse jovem voltará à sociedade e de que forma pretendemos que volte?" 
(Dr. Rodrigo A. de Oliveira Promotor de Justiça da Infância e da Juventude).



"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda". 
(Cecilia Meireles)




Liberdade com responsabilidade: 
Sem dúvida alguma Deus existe!!!

terça-feira, 14 de abril de 2015

Eterno Aprendiz

"Tudo vale a pena se a alma não é pequena". (Fernando Pessoa)

O Que É, O Que É?
Gonzaguinha

Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz

Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!
E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do Criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé

Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada

Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita

Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

"A Fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível". 

(Referência: Hebreus 11)

sábado, 11 de abril de 2015

Vamos fazer nossa tarefa de casa? Todos!!!!

06/04/2015 - 14:45

Jornal O Tempo: maioridade penal no Brasil deve ser reduzida dos 18 para os 16 anos?

Confira o artigo da presidente do CFP, Mariza Borges, publicado no jornal mineiro na última sexta-feira (03).

Confira aqui a versão em PDF
Resposta irracional
Assistimos, nos dias atuais, a processos crescentes de espetacularização da violência e judicialização das relações sociais. O debate sobre a redução da Maioridade Penal se insere nesse contexto: embora os movimentos em defesa dos Direitos Humanos de crianças e adolescentes tenham frutificado e alcançado importantes conquistas, como a promulgação do ECA, em 1990, estamos diante do trágico avanço da tramitação de uma lei polêmica, tão retrógrada quanto ineficaz.
Adolescentes que cometem atos infracionais perante a Justiça brasileira, hoje, recebem tratamento diferenciado quando comparados à população de adultos que cometem delitos, por serem considerados sujeitos em condição peculiar de desenvolvimento. Do ponto de vista da Psicologia enquanto ciência, a tese do ser humano em desenvolvimento observa a correlação entre as práticas parentais e a manifestação do comportamento antissocial. À medida que constatamos, entre os adolescentes em conflito com a lei, a ausência de práticas parentais positivas (aquelas em que o afeto e o acompanhamento dos pais estão presentes), sobretudo nas famílias em risco social, nos afastamos da ideia simplista da existência de sujeitos biologicamente predispostos a cometer delitos. Assim, a ciência comportamental aponta que a reversão do comportamento infrator envolve o investimento em práticas educativas que almejem a elevação da autoestima e a preparação das crianças e dos adolescentes para a vida profissional.
O clamor de parte da população pelo aprisionamento de infratores tem ocultado outra parte importante do debate, que é o da reinserção na sociedade quando de sua “liberdade”. Não faltam dados para comprovar o completo fracasso das instituições prisionais no Brasil, que terminam por estimular a identidade infratora e a ampliação do conhecimento de práticas criminosas. De outra parte, não há comprovação de que o rebaixamento da idade penal reduz os índices de criminalidade juvenil.

Nesse sentido, cabe exigir do Estado a efetiva implementação das medidas socioeducativas e o investimento em educação de qualidade, além de medidas que eliminem as desigualdades sociais. A delinquência juvenil é, portanto, um indicador de que o Estado, a sociedade e a família não têm cumprido adequadamente seu dever de assegurar, com absoluta prioridade, os direitos da criança e do adolescente.
Abrir as portas da prisão a jovens menores de 18 anos é fechar as portas não somente para o seu próprio desenvolvimento, mas também para o do país. Atacar o indivíduo, desconsiderando as causas da violência e da criminalidade, é a resposta irracional a um apelo da sociedade de caráter mais amplo por justiça social.

Mariza Monteiro Borges, Presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP); mestre em Psicologia.
http://site.cfp.org.br/jornal-o-tempo-maioridade-penal-no-brasil-deve-ser-reduzida-dos-18-para-os-16-anos/

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Prioridade aos que estão em desenvolvimento!!!

Fique de olho
Publicado em 31/3/2015 17:46:52
CRIANÇA E ADOLESCENTE
Proposta de Emenda à Constituição 171/93, que tem por finalidade alterar a Constituição Federal para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos, foi votada nesta terça-feira, dia 31 de março de 2015.
O resultado desta votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) foi de 17 votos contra e 42 votos a favor da admissibilidade da PEC 171/93. 

A CCJC analisa apenas a constitucionalidade, a legalidade e a técnica legislativa. A partir de agora será criada uma Comissão Especial para examinar o mérito/ conteúdo da proposta da PEC. 

O Sistemas Conselhos de Psicologia no Brasil é contra à redução da maioridade penal e totalmente a favor Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e da qualificação do sistema de medidas socioeducativas previstas pelo ECA para situações de adolescentes em conflito com a lei. 

Essa posição é resultado dos Congressos Nacionais da Psicologia e portanto representa posição da categoria de psicólogas/os, legitimamente estabelecida pela instância máxima de deliberação democrática da categoria, o Congresso Nacional da Psicologia.

O ECA prevê medidas socioeducativas para adolescentes que cometem ato infracional, medidas estas que podem se dar várias formas, inclusive pela privação de liberdade, mas que não representam o confinamento dentro de um sistema absolutamente violento e ineficaz na ressocialização das pessoas que nele ingressam. 

O CRP SP junto com entidades, movimentos e coletivos continuarão na luta contra a redução da maioridade penal e informa que na sexta-feira, dia 27 de março em reunião com as entidades decidiu a criação de 4 comissões para atuar na divulgação com a sociedade, movimentos sociais e parlamentares em todo o Brasil.
No ano em que o ECA completa 25 anos façamos um ano do avanço e não do retrocesso na defesa do futuro de nosso país. 

http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=866

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Direito é Direito: as forças de vida não podem calar!!!

Também, recomendo assistirem o Programa Espaço Público da TV Brasil, com Ignácio Cano (UFRJ - Coord. Lab. Violência), exibido ontem e que irá ao ar novamente no domingo às 23hs (www.tvbrasil.ebc.com.br): Vale a pena!!! 

Este artigo foi veiculado pelo Sindicato dos Psicológos  (SinPsi): em Notícias 31/03/2015

Redução da maioridade penal não vai diminuir a violência

Fonte: Direção Nacional da CUT / Ilustração: Vitor Teixeira
A Central Única dos Trabalhadores- CUT, diante da eminência de sofrermos um terrível retrocesso no sistema de garantias de direitos da criança e do adolescente brasileiro, através da aprovação da PEC 171/93 que está em discussão no Congresso Nacional  e que reduz a maioridade penal  de 18 para 16 anos, vem reafirmar seu posicionamento, consolidado em sua última Plenária Nacional, de ser contrária a qualquer iniciativa ou projeto de lei que venha a reduzir  a idade penal.

Não há como concordar com a redução da maioridade penal que só vai penalizar ainda mais os grupos e indivíduos vulneráveis psicológica, econômica, cultural e socialmente, enviando os mesmos para um sistema policialesco, punitivo e encarcerador que não ressocializa ninguém, como é o caso do sistema carcerário brasileiro.

O sistema de garantias de direitos das crianças e dos adolescentes utilizados no Brasil é um dos mais avançados do mundo, e a determinação da imputabilidade penal aos 18 anos é destas garantias avançadas que tratam as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e portanto tratados corretamente como  cidadãos e cidadãs em crescimento, que dependem da proteção do Estado, da família e da sociedade para seu desenvolvimento pleno.

A confusão entre imputabilidade e impunidade não pode haver quando o tema é a aplicação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e das medidas socioeducativas aos adolescentes infratores. Temos um arcabouço jurídico que conceitua e condena estes jovens, mas que nunca foi aplicado integralmente e, como demonstram as pesquisas mais recentes, cada vez mais jovens estão sendo privados de sua liberdade em locais onde não há condição alguma para a sua ressocialização, assim a impunidade não é justificativa para as penas mais pesadas e a imputabilidade não existe como querem fazer crer especialistas conservadores do Congresso.

As unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei, assim como as prisões no Brasil, estão abarrotadas de jovens pobres, negros e com baixa escolaridade. A maioria destes jovens vive na periferia das cidades e 54% dos que cumprem medidas socioeducativas de internação têm apenas o ensino fundamental, segundo o ILANUD (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Deliquente) e  pertencem a famílias que sobrevivem com menos de R$350,00 mensais, de acordo com a DEPCA (Delegacia Especial de Proteção a Criança e ao Adolescente).

O número de crimes cometidos por adolescentes são 10 (dez) vezes menor do que os cometidos pelos adultos comparando os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo nos últimos três anos, e a grande maioria destes crimes é contra o patrimônio, sendo a minoria os crimes violentos, não ensejando uma medida desproporcional como a redução da maioridade penal para controlá-los.

E ainda lembrando que a vitimização de jovens duplicou no país nos últimos anos. Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), dos 21 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida. Mas são eles que estão sendo assassinados sistematicamente: o Brasil é o segundo país no mundo em número absoluto de homicídios de adolescentes, atrás apenas da Nigéria. Hoje, os homicídios já representam 36,5% das causas de morte por fatores externos de adolescentes no país, enquanto para a população total corresponde a 4,8%. Mais de 33 mil brasileiros de 12 a 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012. Se as condições atuais prevalecerem, afirma o Unicef, até 2019 outros 42 mil serão assassinados no Brasil.

Se esta é a saída que encontramos para nossos adolescentes, vamos consagrar nossa incapacidade para lidar com o problema da violência juvenil e vamos condenar nossos filhos e filhas a uma eterna sociedade onde impera o medo e a submissão de classe.

A Central Única dos Trabalhadores entende que o foco não pode ser a penalização maior destes jovens que vem sendo privados de tudo, não pode ser a alteração das leis sem verificar as que existem se estão sendo completamente aplicadas, não pode ser a reafirmação da segregação de classes a qual o Brasil tenta se livrar, o foco precisa ser a defesa intransigente dos mais desvalidos e dos direitos humanos e a proteção de nossas crianças e adolescentes como prevê a Constituição: com prioridade absoluta.
 http://www.sinpsi.org/noticias.php?id=3938

terça-feira, 7 de abril de 2015

Psicofobia é crime!!!

06/04/2015 - 10:07

Nota do CFP sobre declaração em programa do SBT de SC

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) repudia e considera absolutamente irresponsáveis as declarações feitas pelo apresentador do SBT de Santa Catarina

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) repudia e considera absolutamente irresponsáveis as declarações feitas pelo apresentador do SBT de Santa Catarina veiculadas no programa SBT Meio Dia, no último dia 30 de março.
Diferentemente do que supõe o apresentador, chamando de “covardia” um transtorno que já atinge cerca de 46 milhões de brasileiros, a depressão causa formas múltiplas de intenso sofrimento em quem a desenvolve, podendo ocasionar diferentes problemas, tanto de ordem física como mental.
O estigma e o preconceito que ainda circundam os portadores de transtornos ou deficiências mentais, estimulado por discursos como este – veiculado em uma emissora cuja concessão é pública e, portanto, deveria zelar pelo bem da sociedade – agravam ainda mais a dor de seus portadores.
Além do mais, a emissora julga sem antes conhecer os detalhes de toda investigação sobre o acidente aéreo, principalmente no que tange às condições de trabalho que podem agravar ou até mesmo causar sofrimento.
A psicofobia deve ser rechaçada e combatida, sob o risco de aumentarmos ainda mais os números de mortes relacionados às consequências da depressão, já comparáveis aos de zonas de guerras.
Assim, o CFP se une a outras entidades, como a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), para exigir a retratação e reparação cabíveis relativas a este lamentável episódio.
Conselho Federal de Psicologia 
http://site.cfp.org.br/nota-do-cfp-sobre-declaracao-em-programa-do-sbt-de-sc/

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Projeto de Vida

"O que se colhe quando se escolhe?"
...
“E ao final vão lhe perguntar: o que é que você fez da sua vida? e você? o que vai responder? nada?” 
Tchekhov
...
“Três coisas são necessárias para a salvação do homem:
- saber o que deve crer,
- saber o que deve desejar,
-  e saber o que deve fazer”.
Tomás de Aquino
...
“Você jamais será um perdedor enquanto continuar tentando”
Mike Ditka

domingo, 5 de abril de 2015

Psicofobia é crime: Diga não a esse preconceito!!!

Psicofobia é crime:
Diga não a esse preconceito!!!


04/04/2015 às 09:02:35
Jornalista do SBT diz que pessoas depressivas são "covardes"; ABP repudia

O  jornalista do SBT Santa Catarina, Luiz Carlos Prates, criou polêmica mais uma vez nesta semana, por conta de seus comentários considerados preconceituosos.
Na última segunda (30), no telejornal "SBT Meio Dia", Prates falou sobre o co-piloto Andreas Lubitz, que derrubou um avião de propósito na França e matou 150 pessoas. O rapaz sofria de depressão e escondeu isso da empresa área.
Usando este caso, que é de fato uma exceção, o jornalista falou sobre depressão e acabou sendo desrespeitoso. Disse que pessoas depressivas são "covardes existenciais" e que deviam ser "execrados" e "desprezados".
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) emitiu nota na última quinta (2), repudiando veementemente as declarações de Prates no SBT. O Presidente da Associação, Antônio Geraldo da Silva, provocou um dano inestimável ao tratar o depressivo de maneira tão tosca e incentivar o desprezo à ele.

Veja o comunicado na íntegra:

"Ao Sistema Brasileiro de Televisão (SBT)

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) considera desrespeitosas e irresponsáveis as declarações sobre depressão do apresentador do SBT Santa Catarina, Luiz Carlos Prates, veiculadas no programa SBT Meio Dia de 30 de março. O apresentador, demonstrando total intolerância, desconhecimento e ignorância no assunto, afirma, entre outros absurdos, que o depressivo é um “covarde existencial”. Porém, para 46 milhões de brasileiros, a depressão é uma realidade. Segundo o Ministério da Saúde, 20% a 25% da população têm, teve ou terá depressão ao longo da vida. O transtorno atinge o físico, o humor, o pensamento e até a forma como a pessoa vê e sente o mundo ao seu redor. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão ocupa o segundo lugar entre as doenças que causam incapacidade profissional e a projeção é de que até 2020 ela esteja no topo da lista. O desinteresse pelo trabalho e pelas atividades sociais rotineiras, além da falta de prazer nas coisas que gosta e com as pessoas que ama, transforma drasticamente o cotidiano dessas pessoas, o de seus familiares e amigos, e traz consequências devastadoras.

O sofrimento é muito grande. Apesar de a depressão e demais transtornos mentais afetarem muitos brasileiros, o preconceito em torno deles, conforme o demonstrado por Luiz Carlos Prates no programa, é crescente. Cabe à sociedade combatê-lo e acompanhar as descobertas científicas do seu tempo, embora ainda haja muita desinformação. Justamente para unir a classe psiquiátrica e a sociedade sobre tão presente realidade enfrentada nos consultórios médicos de todo o Brasil, a ABP criou a campanha “Psicofobia é um crime”. A psicofobia é o nefasto preconceito contra os portadores de deficiências e transtornos mentais. Se não se deve debochar ou subestimar doenças como o câncer ou a diabetes, por exemplo, também não há razão para as doenças mentais não serem encaradas com a seriedade que elas pedem e seus portadores exigem. Em pleno 2015, ideias preconceituosas devem ser combatidas com ainda mais veemência. É chegada a hora de a sociedade olhar com maturidade e respeito para os portadores de transtornos mentais. Depressão é coisa séria. Para se ter uma ideia, a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida e, a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida. Desta forma, morrem cerca de um milhão de pessoas por ano no mundo, número maior do que todas as guerras e homicídios.

O apresentador provoca dano inestimável ao tratar com desdém a pessoa deprimida e ainda incentivar que os outros a tratem de forma grosseira e desprezível. É grave, é gravíssimo! Não acreditamos que o SBT apoie condutas de discriminação como a psicofobia, homofobia, xenofobia e racismo como um todo. A ABP e os quase 50 milhões de portadores de transtornos mentais aguardam uma resposta à altura pela irresponsabilidade deste seu funcionário. Isto será levado pela ABP aos tribunais, pois preconceito é algo intolerável.

Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)"
http://natelinha.ne10.uol.com.br/noticias/2015/04/04/jornalista-do-sbt-diz-que-pessoas-depressivas-sao-covardes-abp-repudia-87596.php
Obs: o artigo tem postado o video mencionado, muito triste...lamentável...